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Conheça a história do vigia que construiu uma estátua de Dom Quixote no DF

A curiosa história do homem que decidiu plantar uma estátua gigante do personagem de Cervantes em pleno cerrado

postado em 23/07/2016 06:05 / atualizado em 19/10/2020 17:05


Quem tem o costume de passar pela DF-180, que liga Ceilândia a Samambaia, já deve ter visto uma escultura de 12 metros de altura construída em um morro perto da estrada. Território de uma fazenda chamada Recanto Natureza, um paraíso reflorestado, a área guardada pelo boneco gigante pertence a Oswaldo da Silva Mendes, 73 anos, que, antes de ser qualquer outra coisa, é naturalmente um apaixonado pelo personagem de Miguel de Cervantes: o Dom Quixote de La Mancha.

Nascido em Guapó, Goiás, Oswaldo mudou-se aos 14 anos para Belo Horizonte com os pais e os 12 irmãos. A família ficou pouco tempo por lá e se mudou para Brasília no ano da inauguração da capital. Aqui, Oswaldo foi criado e gerou uma família numerosa de oito filhos. Trabalhou em cartório, abriu com o irmão uma construtora, criou loteamentos em Goiás até fundar a fazenda Recanto Natureza. A intenção inicial era fundar ali a Faculdade Dom Quixote, um sonho que o perseguia desde a juventude. Sem autorização do Ministério da Educação (MEC) para abrir a instituição, fincou ali a lembrança de suas intenções. Uma baita lembrança, diga-se de passagem.

Com 12,50 metros de altura, a figura de Dom Quixote foi erguida por ocasião do 400º aniversário da história de Dom Quixote, escrita por Miguel de Cervantes. Em 2005, Oswaldo pediu ao escultor Joaquim Muller Peixoto de Azevedo para fazer um protótipo. Logo depois, a estátua foi esculpida. O boneco caiu uma vez por causa de um tiro que atingiu o cabo de aço que o segurava, mas, depois da instalação de mais sustentações, foi reerguido e se encontra “vigiando a estrada” há 11 anos. Ainda hoje, chama a atenção de quem passa. Para os curiosos, Oswaldo justifica: “Eu sempre gostei muito da figura de Dom Quixote e da história de ele querer consertar o mundo”.

O livro é o preferido de Oswaldo, um amante inveterado da literatura. “Eu acho esse livro formidável por ser uma crítica à monarquia da época, mas de uma forma pitoresca.” Da mesma forma que o personagem, Oswaldo conta que mudar o mundo também sempre foi seu sonho. Por enquanto, conforma-se em espalhar um pouco de informação ao redor de seu monumento.  “A cultura brasileira está muito fraca, as pessoas não leem mais tanto. Muita gente me pergunta ‘quem é este da estátua’. Elas não reconhecem Dom Quixote”, espanta-se.


SAIBA MAIS

O PERSONAGEM
Dom Quixote é o personagem principal do livro escrito por Miguel Cervantes, Dom Quixote de La Mancha. A história se passa na província de Mancha, na Espanha, e conta sobre Alano Quixano, um fidalgo espanhol que, depois de ler diversas histórias de cavaleiros medievais, acaba confundindo a realidade com a fantasia e decide ser tornar cavaleiro. Acreditando em seus delírios, sai de casa com o objetivo de andar pelo mundo, desfazendo injustiças, salvando donzelas e combatendo gigantes e dragões. Quando seus amigos descobrem a causa de sua “insanidade”, decidem acabar de vez com ela, queimando todas as suas novelas de cavalaria. Dom Quixote, pensando tratar-se de uma magia de algum cruel feiticeiro, resolve voltar à aventura, agora acompanhado do escudeiro, Sancho Pança, um ingênuo e materialista lavrador, que aceita seguir o fidalgo pela promessa de uma ilha para governar. Dom Quixote, inconsciente de seus atos, não percebe o desgaste de seu corpo e só retorna à realidade quando já está nos momentos finais de sua vida. Com isso, renuncia aos romances de cavalaria e morre como piedoso cristão.


O AUTOR
Miguel de Cervantes Saavedra nasceu 29 de setembro de 1547 em Alcaná de Henares, na Espanha. É um escritor de bastante influência na literatura mundial e também sobre a língua castelhana, que é frequentemente chamado de La lengua de Cervantes. Participou da batalha de Lepanto (1571), onde foi ferido, inutilizando sua mão esquerda. Foi capturado em 1575 e permaneceu preso em Argel até 1580. Ainda jovem, publicou quatro poesias de valor e durante sua estadia em Lisboa escreveu o poema Para festas Milão, para amores Lusitânia. Em 1585, Cervantes publica o seu primeiro livro de ficção e ficou conhecido por um público mais sofisticado. Em 1597, foi preso novamente após ser condenado a pagar dívida exorbitante e começou a escrever Dom Quixote de La Mancha, que foi publicado anos depois, em 1605, que ficou sendo sua obra mais popular. Publicou várias outras obras. Cervantes morreu em 1616, parecendo ter alcançado uma serenidade final de espírito.

 

 

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