Otávio Augusto
postado em 23/07/2016 10:25
Um protocolo da Secretaria de Saúde matou Luan Pereira Guedes, 4 anos, picado por escorpião no Núcleo Rural Tabatinga, em Planaltina, e atendido no hospital da cidade. O menino, atacado na quarta-feira, necessitou, por volta da 0h de quinta-feira, de uma vaga em unidade de terapia intensiva (UTI). O leito chegou a ser preparado às 3h15 no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF), mas o helicóptero do Corpo de Bombeiros que faria o traslado não levantou voo por questões de segurança, segundo a Secretaria de Saúde ; a aeronave só chegou ao local às 7h30. Diante disso, a equipe médica não tentou alternativas como transporte terrestre, o que pode ter sido decisivo para a morte da criança.
Dois dias após a morte, a família cobra esclarecimentos. O garoto sucumbiu por oito horas à espera do transporte que não chegou a tempo. No momento em que o helicóptero pousou no Hospital Regional de Planaltina, Luan sofria a quinta parada cardíaca. O corpo da criança foi liberado na tarde de ontem. O sepultamento será em São João de Minas (MG), cidade natal da família. ;Vamos levar para Minas (Gerais) por ser mais barato que aqui. Mesmo eu pagando o frete do corpo, o serviço funerário sai pela metade do preço;, explica o pai do menino, o caseiro Claudecir da Conceição Guedes, 36 anos.
Dois dias após a morte, a família cobra esclarecimentos. O garoto sucumbiu por oito horas à espera do transporte que não chegou a tempo. No momento em que o helicóptero pousou no Hospital Regional de Planaltina, Luan sofria a quinta parada cardíaca. O corpo da criança foi liberado na tarde de ontem. O sepultamento será em São João de Minas (MG), cidade natal da família. ;Vamos levar para Minas (Gerais) por ser mais barato que aqui. Mesmo eu pagando o frete do corpo, o serviço funerário sai pela metade do preço;, explica o pai do menino, o caseiro Claudecir da Conceição Guedes, 36 anos.
O homem de origem humilde foi testemunha dos últimos instantes de vida do filho. ;Vi os médicos pedindo um leito de UTI a madrugada inteira. Eles ligavam toda hora pedindo a vaga;, conta. Os parentes sabem poucos detalhes do que houve durante a tentativa de transferência frustrada. ;Ninguém falou nada. Eu via os médicos agitados e cobrando a UTI, mas não sei ao certo o que aconteceu, se foi falta de leito ou de ter como transportá-lo;, reclama. Luan deixou um irmão de 6 anos. ;A prioridade é enterrar o meu filho. Depois, será procurar os meus direitos. Fica um sentimento de indignação;, finaliza. A 16; Delegacia de Polícia (Planaltina) investiga o caso, mas não passou detalhes.
O acidente aconteceu dentro de casa, por volta das 19h de quarta-feira. Às 20h, segundo os familiares da vítima, o menino deu entrada no hospital. O escorpião feriu a mão da criança quando ela tocou a porta de um dos cômodos à procura do pai. Ainda naquela noite, o menino chegou à emergência da unidade de saúde de Planaltina. Segundo a equipe médica que o recebeu, ele foi levado três horas após o ataque, versão contestada pela família. O quadro era gravíssimo e com comprometimento cardíaco e respiratório. Informações do prontuário do paciente mostram que ele recebeu doses de soro antiescorpiônico e medicamentos no pronto-socorro.
Recursos
A Secretaria de Saúde, apesar da morte da criança, garante que ;toda a assistência necessária foi prestada;. A pasta, no entanto, reconheceu que o transporte aéreo é evitado à noite. ;Se o paciente precisasse de uma hemodiálise, por exemplo, a aeronave faria a viagem noturna. Mas a criança teve acesso a todos os recursos indispensáveis no hospital;, alega a superintendente de Saúde da Região Norte, Andréa Kavamoto.
Segundo ela, o traslado em ambulância ou UTI Móvel, por exemplo, não ocorreu após a avaliação do ;risco/benefício;. ;O pediatra que fez a assistência é muito capacitado e tem a experiência de terapia intensiva. O paciente teve (acesso) na emergência a tudo o que estava ao alcance. Todo o recurso estava ali presente. Teria sido diferente se houvesse a necessidade de um suporte que o hospital não dispunha. O transporte terrestre seria desgastante e arriscado;, completa Andréa.
Para a Secretaria de Saúde, a morte ocorreu devido à ;gravidade do fato por se tratar de uma criança;. O governo, ancorado na ;grande quantidade de veneno; injetado pelo animal, ressalta que o risco de morte, em casa de ataque de escorpião, é maior na infância e na terceira idade. ;Havia a necessidade de UTI. A ação do soro não estava trazendo o efeito desejado. Mas, nesse período (da solicitação de UTI e transporte), a criança não deixou de receber cuidados. O protocolo diz que o trauma seria menor com o transporte aéreo, mas é preciso avaliar onde o paciente está, qual o quadro clínico, entre outros fatores. Evita-se o transporte aéreo à noite por segurança. Se a criança precisasse de um recurso indispensável, a viagem seria feita;, conclui a superintendente.
Mesmo assim, a Secretaria de Saúde reconhece falhas de comunicação com os parentes de Luan. ;Considerando a gravidade da situação e a ansiedade da família, a gente entende que deve ter acontecido uma insuficiência na passagem de informação. É difícil falar que (a informação) foi a contento. O familiar, independentemente de qualquer coisa, quer o parente vivo e, nesses casos, é difícil;, argumenta Andréa. A Secretaria de Saúde não soube informar quantas mortes aconteceram por picada de animais peçonhentos neste ano.
138
Total de ataques de escorpiões no Distrito Federal até março de 2016
O acidente aconteceu dentro de casa, por volta das 19h de quarta-feira. Às 20h, segundo os familiares da vítima, o menino deu entrada no hospital. O escorpião feriu a mão da criança quando ela tocou a porta de um dos cômodos à procura do pai. Ainda naquela noite, o menino chegou à emergência da unidade de saúde de Planaltina. Segundo a equipe médica que o recebeu, ele foi levado três horas após o ataque, versão contestada pela família. O quadro era gravíssimo e com comprometimento cardíaco e respiratório. Informações do prontuário do paciente mostram que ele recebeu doses de soro antiescorpiônico e medicamentos no pronto-socorro.
Recursos
A Secretaria de Saúde, apesar da morte da criança, garante que ;toda a assistência necessária foi prestada;. A pasta, no entanto, reconheceu que o transporte aéreo é evitado à noite. ;Se o paciente precisasse de uma hemodiálise, por exemplo, a aeronave faria a viagem noturna. Mas a criança teve acesso a todos os recursos indispensáveis no hospital;, alega a superintendente de Saúde da Região Norte, Andréa Kavamoto.
Segundo ela, o traslado em ambulância ou UTI Móvel, por exemplo, não ocorreu após a avaliação do ;risco/benefício;. ;O pediatra que fez a assistência é muito capacitado e tem a experiência de terapia intensiva. O paciente teve (acesso) na emergência a tudo o que estava ao alcance. Todo o recurso estava ali presente. Teria sido diferente se houvesse a necessidade de um suporte que o hospital não dispunha. O transporte terrestre seria desgastante e arriscado;, completa Andréa.
Para a Secretaria de Saúde, a morte ocorreu devido à ;gravidade do fato por se tratar de uma criança;. O governo, ancorado na ;grande quantidade de veneno; injetado pelo animal, ressalta que o risco de morte, em casa de ataque de escorpião, é maior na infância e na terceira idade. ;Havia a necessidade de UTI. A ação do soro não estava trazendo o efeito desejado. Mas, nesse período (da solicitação de UTI e transporte), a criança não deixou de receber cuidados. O protocolo diz que o trauma seria menor com o transporte aéreo, mas é preciso avaliar onde o paciente está, qual o quadro clínico, entre outros fatores. Evita-se o transporte aéreo à noite por segurança. Se a criança precisasse de um recurso indispensável, a viagem seria feita;, conclui a superintendente.
Mesmo assim, a Secretaria de Saúde reconhece falhas de comunicação com os parentes de Luan. ;Considerando a gravidade da situação e a ansiedade da família, a gente entende que deve ter acontecido uma insuficiência na passagem de informação. É difícil falar que (a informação) foi a contento. O familiar, independentemente de qualquer coisa, quer o parente vivo e, nesses casos, é difícil;, argumenta Andréa. A Secretaria de Saúde não soube informar quantas mortes aconteceram por picada de animais peçonhentos neste ano.
138
Total de ataques de escorpiões no Distrito Federal até março de 2016