Jornal Correio Braziliense

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Chefe da segurança de prefeitura nega ter assassinado jornalista

Crime, que teria motivações políticas, aconteceu no último domingo, em Santo Antônio do Descoberto. João Miranda tinha um site de notícias e publicava denúncias contra o prefeito

O chefe da segurança dos órgãos municipais de Santo Antônio do Descoberto e braço direito do prefeito Itamar lemes prado prestou depoimento sobre a morte do jornalista João Miranda do Carmo, 54 anos, na manhã desta quinta-feira (28/7). Preso após ser reconhecido por uma testemunha, Douglas Ferreira de Moraes, 40 anos, negou que tenha participado da ação. O jornalista morreu no último domingo (24/7) em frente a casa onde morava. Ele atendeu a porta e foi surpreendido com 22 tiros. Sete o atingiram.
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Douglas teve a prisão preventiva decretada após ser reconhecido por uma testemunha. Levado para o presídio da cidade, distante 49km de Brasília, ele deverá ficar preso por 30 dias. A prisão pode ser prorrogada por mais 30. Quando conversou com o delegado, o funcionário da prefeitura garantiu que era amigo de João Miranda, e que não faria isso com ele. A Polícia Civil de Goiás trabalha com a hipótese de crime encomendado, possivelmente envolvendo adversários políticos.


João Miranda era proprietário de um site de notícias e publicava diversas denúncias, inclusive contra o prefeito da cidade, Itamar Lemes Prado (PDT) ; também havia reportagens sobre tráfico de drogas na região. O jornalista sofria ameaças e, no início do ano, teve o carro incendiado. Além do trabalho no portal S.A.D. sem censura, a vítima tinha um cargo no gabinete do vice-prefeito, Valter da Guarda Mirim. Ambos estavam sem função oficial no Executivo municipal, pois Itamar e Valter tiveram desavenças e romperam.

Ontem, o prefeito da cidade comentou o caso pela primeira vez. Ao Correio, Itamar disse desconhecer as motivações do crime. Questionado sobre as denúncias do jornalista contra ele, disse apenas que eram ;infundadas;. ;Eu não posso confirmar se o assassinato é político. Ele (o João) denunciava todo mundo: político, delegado e traficante. Eu cobrei providências da investigação. O criminoso tem de ser preso. Está tendo muita violência na cidade e não temos policiais o suficiente para investigar tudo;, disse. ;Estou tranquilo e à disposição da Justiça e do Ministério Público;, concluiu.