Cidades

Seminário em Brasília discute nova versão da Base Comum Curricular

Houve manifestações contra o movimento Escola sem Partido

postado em 29/07/2016 06:10

Foram ministradas palestras, e os participantes se dividiram em nove grupos de trabalho para discutir cada uma das etapas da educação básica


Professores, pais, estudantes e outras pessoas envolvidas em atividades de educação participaram ontem do último dia do Seminário Distrital da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A discussão começou na terça-feira, quando os participantes se dividiram em grupos de trabalho para debater as diferentes etapas da educação básica. Nesta quinta-feira, foi o momento de reunir todas as sugestões e resolver em conjunto quais delas serão enviadas ao Ministério da Educação (MEC), que fará a compilação das contribuições de todas as unidades da Federação e redigirá a terceira e última versão do documento. À tarde, alguns dos participantes gritaram ;abaixo Escola sem Partido;, e tiveram apoio de conferencistas que fizeram exposições durante o evento.

O tema também apareceu em discussões dos grupos de trabalho. Os 27 componentes curriculares foram divididos em nove grupos, por área do conhecimento. O de linguagens do ensino médio sugeriu que as palavras gênero e sexualidade apareçam entre os temas que podem ser debatidos com os estudantes dessa etapa do ensino. Já o de história dos anos finais do ensino fundamental, os participantes avaliaram que o documento traz uma marcação muito tradicional da disciplina, com objetivos pouco dialógicos e críticos e que não retratam a noção de coletividade, segundo os especialistas.

Ao todo, 420 pessoas se inscreveram para participar do debate e 307 foram selecionadas. Entre elas, existem representantes de mais de 20 instituições e associações que atuam na educação, seja do setor público, seja do privado. A partir de amanhã, os mediadores do seminário se reunirão para iniciar a compilação das 48 planilhas desenvolvidas durante o encontro. Esse documento deve ser encaminhado ao MEC até 2 de agosto, assim como a Carta Brasília, uma carta de princípios referendada pela plenária do DF.

;Não houve grandes polêmicas porque o DF, hoje, tem discussão bastante madura com relação a currículo;, afirma Rita de Cácia Martins, coordenadora distrital da BNCC. Segundo Daniel Crepaldi, subsecretário de Educação Básica do DF, o currículo das escolas da capital já contempla boa parte do que será definido pela Base Nacional e, em alguns pontos, vai até além. ;Nosso currículo não será alterado nem refeito, será ajustado dentro do necessário;, diz.

Hora de agir
Para o secretário de Educação do DF, Júlio Gregório Filho, este é o momento de levar a discussões para ações práticas, pois os debates relativos ao currículo nas últimas décadas não têm culminado em transformações nas escolas. ;A diferença é nós conseguirmos transformar isso em ações e, para isso, é preciso haver ações combinadas, com alteração da lei e sensibilização dos legisladores, para que dê espaço para as inovações chegarem às escolas e contemplarem o aluno deste século;, detalha.

Nos últimos anos, no entanto, os legisladores federais e locais, inclusive na Câmara Legislativa do DF (CLDF), têm se mostrado resistentes a algumas dessas transformações, principalmente àquelas relacionadas à discussão sobre gênero. ;A escola é o espaço mais privilegiado para que se aprenda de tudo: sobre sexualidade, gênero, racismo, discriminação de toda a natureza, agressões, internet;, elenca Júlio Gregório. Na avaliação dele, não há espaço mais apropriado para discutir esses temas, especialmente na escola pública. ;É uma visão muito pequena de se ter e um desprezo à capacidade do estudante de discernir o que é importante para a vida dele ou não;, finaliza o secretário.

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