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Concurso escolhe a melhor drag queen de Brasília

Disputa irreverente reúne sete artistas no La Rubia Café

postado em 30/07/2016 11:39

Maquiagem pesada, saltos altíssimos, perucas chamativas, roupas customizadas. Elas chamam a atenção onde chegam, mas hoje vão caprichar ainda mais na superprodução e na performance. Um concurso vai eleger a mais ;infame, fabulosa e inovadora; drag queen de Brasília ; esses personagens criados por artistas performáticos, que se caracterizam, cômica ou exageradamente, para exaltar a sua arte.

A competição será inspirada no reality show norte-americano Ru Paul;s Drag Race. Por meio de apresentações de dublagem, as protagonistas serão julgadas pela maquiagem, pelo modelito, pela criatividade e pela ousadia. Além disso, uma prova surpresa será revelada somente no momento das performances. A vencedora, entre as sete inscritas até o momento, será escolhida por votação dos jurados e da plateia presente ao Café La Rubia.

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Inaugurado há cinco meses, o estabelecimento tem como sócio uma drag queen. O empresário Marcelo Teixeira se transforma, desde 2005, em La Rubia. Ele acredita que a realização do concurso é uma chance de esses artistas, muitas vezes discriminados, mostrarem sua arte em público. ;Estou incentivando as drags mais ousadas a saírem do padrão de dentro das boates da cidade e abordarem as outras vertentes da atividade.;

La Rubia acredita que se vestir como drag queen é uma grande brincadeira. ;Muitos se transformam por trabalho, pelo lado artístico, mas alguns buscam apenas a diversão. O fato é que você muda de identidade, faz coisas que não faria se estivesse vestido normalmente;, explica.



O estudante Diego Bernadino, 21 anos, participará da competição como Di Vina Le Beard. Por ser barbada, a drag queen apresenta um trabalho diferenciado na capital. O jovem encara o mercado como complicado. ;É um negócio bem fechado, é difícil, como para qualquer artista;, explica. Di Vina trabalha em teatro e boates e se diz animado com a competição de hoje. ;Achei uma boa proposta, vou participar para incentivar ainda mais essas iniciativas;, afirma.

Visibilidade


Iniciar um trabalho com drag demanda bastante criatividade e determinação. Flávio Alexandre da Silva, 20, é responsável pela criação da personagem Mandy Million. O estudante define sua drag como uma it girl ; termo utilizado para se referir a mulheres, geralmente muito jovens, que, mesmo sem querer, criam tendências de moda, estilo ou personalidade. ;Mandy nasceu há três anos e é uma garota do Brooklyn, que acabou ficando milionária, mas não perde a essência da menina do gueto. É literalmente uma street girl. De pele morena, ela se joga do jeito que pode. Mandy é uma patricinha; o Flávio, não;, relata.

O jovem explica que ser drag é uma profissão. ;Querendo ou não, oferecemos o serviço de entretenimento e recebemos o cachê;, justifica. Mandy trabalha em casamentos, formaturas, despedidas de solteiros, aniversários e em boates. Porém, os recursos ganhos não superam os gastos. ;Não consigo me sustentar só com isso, tenho que ter um trabalho no dia a dia. Encaixo minhas apresentações de acordo com minha agenda. Faço isso por amor;, explica. De acordo com Flávio, os cachês variam entre R$ 100 e R$ 300 e alguns eventos são cobrados por hora.

O processo de transformação pode durar até três horas. Aos 19 anos, Bruno Vinicius Costa é novato no ramo. Em maio deste ano, saiu pela primeira vez como Evie Crowley. Bruno conta que levou oito meses para se preparar e se tornar uma drag queen. Agora, está começando a ganhar visibilidade. ;Na primeira semana, já fui chamada para participar de algumas festas. Agora, é continuar trabalhando para ser descoberta;, aposta.

Bruno também trabalha como assistente administrativo e encara as oportunidades como drag complicadas. ;Temos que nos montar durante muito tempo para chamar a atenção dos produtores. No começo, nem recebemos cachê.; Os pais do jovem ainda não sabem da sua nova atividade. ;Não moro com meus pais, justamente por ser gay. Não sou aceito, mas, sou muito feliz com o que estou fazendo.;

Popular

Criado em 2009, o reality show Ru Paul;s Drag Race coloca um grupo de drag queens competindo entre si em desafios que testam os limites dessa arte. A vencedora de cada temporada recebe um prêmio em dinheiro e o título de American Next Drag Superstar. Apresentado pela carismática drag Ru Paul, ele vai ao ar nos Estados Unidos pela Logo TV e ganhou uma legião de fãs no Brasil quando entrou para o catálogo do serviço de streaming Netflix. Em 2017, o programa chegará à nona temporada.

História
As drags queens não é uma novidade da vida moderna. Elas existem desde o século 16. Por conta da proibição de as mulheres subirem ao palco para atuarem, os homens faziam papéis femininos, no Teatro Isabelino, na Inglaterra.



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