postado em 01/08/2016 08:24
Brasília sediará partidas da seleção iraquiana em 4 e 7 de agosto. O desembarque na capital federal marca o fim do jejum do grupo no futebol. A última participação ocorreu há 12 anos, em Atenas. A presença da equipe na competição olímpica, entretanto, vai além do esporte: resgata histórias de 250 iraquianos reconhecidos pelo Comitê Nacional para os Refugiados (Conare) que, profundamente marcados por barbáries políticas e religiosas, buscaram, em território brasileiro, um recomeço antes improvável.
É o caso do comerciante Hamid Jassm. O refugiado de 61 anos veio a Brasília para compor o corpo diplomático iraquiano em 2002. Por sorte, não estava presente durante a invasão das tropas americanas ao país, instaurada mediante a justificativa de que o líder Saddam Hussein detinha armas químicas, em 2003. Ainda assim, o episódio tirou do ex-morador de Bagdá uma pessoa importante, o filho dele. ;A guerra arrancou as coisas mais bonitas da minha vida. Destruiu minha família, meu país;, lamenta.
A perda, a instabilidade política provinda da queda de Saddam Hussein e o caos pós-guerrilha levaram Hamid a pedir asilo no Brasil. ;Acabaram com a minha terra. Não há água, luz, medicamentos, seguro de saúde. Não existe segurança e, muito menos, acesso à educação. O Iraque era um deserto à época, e a situação não mudará. Muitos choram pela volta de Saddam. Com ele, nossa moeda era forte, éramos alguém. Alguns não entenderão o que eu digo, porque não passaram pelo que passamos;, comenta.
Após a aprovação do pedido de refúgio pelo Conare, o iraquiano decidiu recomeçar. Em Sobradinho, criou a loja de utensílios Shopping do Habib que, hoje, garante o sustento dele e da mulher. O estabelecimento oferece ampla gama de produtos. O estoque vai de vasilhas a bijuterias e peças de roupa. Orgulhoso do progresso, ele agradece, repetidas vezes, ao abrigo concedido pelo governo brasileiro. ;Abriram grandes portas para mim. Não me ofereceram apenas um lugar para ficar e, sim, uma oportunidade de viver em paz. Sou livre. Posso trabalhar e me expressar. Tenho um lar. Isso é tudo que importa;.
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