Cidades

Casal brasiliense vai percorrer 320 mil quilômetros de motocicleta

O objetivo é mapear a biodiversidade, divulgar os lugares e contribuir para a preservação da natureza

postado em 04/08/2016 06:00

No bagageiro de Thiago e Daniela, roupas para uma semana, peças reservas para a moto e equipamento de camping


Quando saírem dos limites territoriais de Brasília na próxima sexta-feira, os biólogos Thiago Costa, 33 anos, e Daniela Turati, 25, vão ser considerados cidadãos do mundo. Afinal, somente daqui a quatro anos e meio é que os dois voltarão ao Distrito Federal, depois de percorrerem 320 mil quilômetros ao redor do mundo. Tudo isso em cima de uma motocicleta.

A aventura do casal, batizada de Projeto Tacitus Discooperio, tem um propósito: ao percorrerem 121 países e mais de 150 áreas protegidas, os dois pretendem reforçar o quão indispensável é a natureza para a humanidade e, ao mesmo tempo, somar esforços mundiais em prol da preservação do meio ambiente. ;Queremos mostrar que tudo está atrelado aos recursos naturais. E o quanto nosso estilo de vida atual merece ser reavaliado para que esses recursos possam ser conservados;, explica Daniela.

Thiago alimenta esse sonho há anos e, ao encontrar a parceira ideal, resolveu colocar o plano em ação. De acordo com ele, os dois estão em uma fase da vida que se mostra certa para a empreitada: são recém-casados, não tem filhos, conseguiram juntar recursos para a viagem e ainda patrocínio daqueles que acreditam na ideia. ;Tudo se encaixou: o momento certo e a proposta do que queremos fazer. Quando você fala em uma expedição desse porte, o lado pessoal conta muito. Nossos gostos e personalidades são muito parecidos. Sempre tivemos paixão por viagens e eu queria fazer uma pelo mundo. Isso para mim já era certo. Só não sabia qual data e com quem iria. Mas ela apareceu e aceitou meu convite.;

Pilares

De acordo com ele, a inspiração vem da Eco-92 (veja Para saber mais), quando foi definida a Convenção sobre a Diversidade Biológica (CDB), documento assinado por mais de 160 países e que regula tudo o que faz menção à biodiversidade. ;Ela se estrutura em três pilares: conservação, uso sustentável e como os benefícios dos recursos genéticos vão ser divididos;, explica ele.

A 10; Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-10), em Nagoya, Província de Aichi, no Japão, um desmembramento do evento ocorrido em 1992 e que também explorou temas relacionados à preservação ambiental, aprovou o Plano Estratégico de Biodiversidade para o período de 2011 a 2020, estabelecendo 20 metas.

;Dessas, duas nos norteiam: a primeira, que é o pilar, define que, até 2020, as pessoas precisam criar a consciência sobre o valor da biodiversidade. Até porque, se você não conhece o assunto, não tem como cuidar. A segunda fala das áreas protegidas, que são as principais ferramentas para que possamos preservar a natureza atualmente e por onde vamos passar;, resume.

Assim, visitando principalmente parques nacionais, Thiago e Daniela pretendem não só apresentar as belezas do lugar, mas debater com gestores para analisar dificuldades e conquistas, além de elaborar um documento que possa servir de referência para os governos trabalharem melhor suas políticas ambientais. ;Em cada lugar, faremos vídeos para as redes sociais, mostrando o que há de belo. Mas vamos produzir também discussões para montar um documentário ao fim da expedição;, garante Daniela.

Logística

A viagem está dividida em 10 etapas (veja quadro). Os dois começam pelo Peru e pela Bolívia, não sem antes dar uma passadinha em São Paulo, onde eles têm parentes. Daniela lembra que a lista dos locais visitados é dinâmica e pode ser mudada ao sabor do tempo ; devido ao clima e a possíveis imprevistos no decorrer do caminho, já que é tão longo. ;Até porque precisamos saber o que está acontecendo em cada país para descobrir se podemos entrar neles ou não. Sendo assim, ela não é fixa.; Além disso, o pensamento foi todo direcionado à logística de se viajar de moto. Apesar de facilitar a movimentação entre países e continentes ; ;Há lugares em que ela pode ser levada em cima de uma canoa;, garante Thiago ;, o veículo carrega restrições quanto à bagagem e, principalmente, ao conforto.

Mesmo que não seja algo esperado de quem procura uma aventura como essa, é claro que os dois levaram esse ponto em consideração durante o ano em que passaram planejando a expedição. ;Temos uma restrição de peso e volume. Podemos levar 90Kg de bagagem. Mais difícil que o peso é o volume, por isso focamos em kits de sobrevivência, peças extras da moto que podem ser trocadas facilmente, roupas para uma semana que vão sendo lavadas, além de todos os instrumentos de camping, pois pretendemos acampar o máximo possível para diminuir os gastos;, frisa Daniela.

Os dois também fizeram cursos de mecânica, procuraram uma moto com tanque maior, para garantir mais tempo na estrada sem reabastecer e ainda levarão alguns litros extras para uma eventualidade. ;A partir do momento que temos essa causa, o valor da biodiversidade, chamar a atenção das pessoas se torna importante e estar em uma moto nos dá maior abertura para falar com todos. Ela é exposta, não tem para onde fugir: vamos enfrentar frio, calor, o que aparecer. Por isso, temos que pensar em peso e espaço, levando objetos compactos e essenciais;, diz Thiago.

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