Cidades

Comissão da CPI da Saúde termina com bate-boca e discussão

Novas reuniões estão previstas de amanhã a sexta-feira

Otávio Augusto
postado em 16/08/2016 06:05
Marli Rodrigues (E) respondeu a cerca de 40 perguntas dos parlamentares: pouca novidade e discussão com deputado governista
A saúde centralizou a pauta de ontem da Câmara Legislativa. A acareação entre o vice-governador, Renato Santana (PSD), e a presidente do Sindicato dos Servidores da Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, não pôde ser realizada. Santana, por não ser obrigado a comparecer à Casa por convocação, enviou uma carta justificando a ausência. Durante quase quatro horas, Marli respondeu a cerca de 40 perguntas, mas não fez nenhuma revelação. Novas reuniões estão previstas de amanhã a sexta-feira. Além da investigação, parlamentares comentaram nos bastidores o pedido de R$ 288 milhões em emendas para o setor (leia reportagem ao lado).

Marli estranhou a ausência de Santana. Os dois se encontraram, segundo a sindicalista, pelo menos em cinco ocasiões. Além disso, ela garantiu que o vice-governador ;mentiu; em seu depoimento na Câmara, em 21 de junho, quando afirmou que não era o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) que autoriza contratos com suposto esquema de propina. Questionada se as denúncias têm ligação com o projeto do Executivo local de implantar organizações sociais (OSs) na gestão da saúde, Marli negou. ;Não é intenção do sindicato desarticular o governo. Não podemos dar essa interpretação e desviar o foco;, resumiu. A sindicalista respondeu a quatro perguntas em sigilo.

A desistência de Santana repercutiu mal. O presidente da CPI, deputado Wellington Luiz (PMDB), e o deputado Roosevelt Vilela (PSB) criticaram a ausência. Porém, a critica mais dura partiu de Wasny de Roure (PT). ;É lamentável que ele não tenha vindo. Estaria prestando um serviço à sociedade. Além disso, o vice-governador tem de esclarecer os encontros que ele e Marli tiveram, nos quais foram comentados esquemas de corrupção no governo;, disse. Em nota, a defesa de Santana afirmou que a questão ;está superada;. ;O vice-governador compareceu ao convite anteriormente feito pela comissão e inclusive esclareceu todos os fatos necessários relativos às denúncias de que teve conhecimento;, destaca trecho do texto.

Roosevelt defende que o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) ajude a Câmara Legislativa na investigação. Anteriormente, o órgão se negou a repassar à CPI documentos e gravações entregues pela presidente do SindSaúde. Entretanto, Marli disse que não há diferença no material entregue à Casa. ;Não tenho mais nada em meu poder. Não há mais nada que possa vir à tona;, acrescentou. Wellington também se queixou. Temos tido muita dificuldade. Procuramos entender a resistência de esse conteúdo chegar aqui. Não sei qual é a preocupação;, completou.

Marli e Roosevelt se desentenderam, e a tensão dominou a conversa. A sindicalista se sentiu ofendida com as perguntas do deputado e endureceu o discurso. ;Não gravei ninguém do Legislativo. O senhor pode ficar tranquilo;, disparou. Depois, ela acusou Roosevelt de tentar fazê-la cair em contradição. Novo momento de conflito. ;Não faça isso, deputado. Sou mãe de família e sei o que posso dizer e o que disse;, afirmou. O parlamentar retrucou. ;Todos somos de família e, mais, estou tranquilo por nunca ter falado reservadamente ou em público com a senhora;, ressaltou. A confusão foi acompanhada de aplausos e vaias do plenário. Wellington interrompeu o bate-boca e pediu que o foco se concentrasse na investigação.
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