postado em 16/08/2016 06:08
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Agosto, na Igreja Católica, é o mês das vocações. A cada domingo é comemorada uma em específico. Apesar de todas terem grande importância, os sacerdotes representam um papel fundamental para os fiéis. Dentro da Igreja, há diversas instituições e ordens que recebem aqueles que seguem o chamado de Deus. Em Brasília, o Seminário Redemptoris Mater é uma delas. Lá, rapazes que se dispõem à vocação estudam por 10 anos para receber a ordenação de presbítero. Todos os formadores e seminaristas possuem experiência catecúmena e trabalham em alguma comunidade. Após o fim da Jornada Mundial da Juventude, em Cracóvia, no mês passado, ocorreu o Encontro Vocacional, com o fundador do Caminho Neocatecumenal (leia Para saber mais). Na ocasião, 200 mil pessoas de diversos países marcaram presença e mais de 7 mil se levantaram para seguir a vocação, sendo mais de 3 mil homens. Uma decisão nada fácil.
Na capital federal, o seminário com 26 anos de existência já formou 113 padres. Hoje, são 89 rapazes em estudo. Para entrar na instituição, é preciso ter vivenciado um chamado vocacional, seja em uma peregrinação, seja em uma comunidade. Depois, entra-se em um tempo de discernimento, em que os jovens são separados em equipes ; comandadas por um casal de catequistas e um sacerdote. ;Eles ficam o tempo que for necessário, é conforme a realidade de cada um. Quando detectamos aqueles que têm vocação, fazemos um último encontro, no qual eles são convidados a entrar no seminário;, explica o vice-reitor do Redemptoris Mater, padre Paulo de Matos.
Há nove anos em formação, o paulistano Vinícius de Lima, 26 anos, diz que percebeu que Deus havia preparado toda a sua história. De família católica, sentiu o chamado pela primeira vez em um encontro na Ermida Dom Bosco, quando tinha 17 anos. ;O presbítero que fazia a pregação disse que muitos de nós não estaríamos ali se alguém não tivesse perdido a vida para anunciar o Evangelho. E eu vi, ali, a minha história.; A saudade da família, nem sempre estudar o que quer e abandonar projetos antigos são alguns desafios que o jovem tem enfrentado todos esses anos. Mas, segundo ele, nada tira a alegria que são o serviço e a missão. ;O mais difícil é o combate diário. Deus vai dialogando conosco por meio dos fatos. Ninguém entra no seminário e na missão sozinho e apoiado em si mesmo. Eu me deixo apoiar em uma promessa feita por Deus.;
Para ingressar no seminário, é necessário que os jovens tenham terminado o ensino médio, pois os estudos iniciados são de nível universitário. O primeiro ano de curso é chamado de propedêutico, em que se aprende uma visão geral da história universal, do Brasil, da literatura, de alguns idiomas e de introdução à liturgia. Depois, são dois anos de filosofia e, logo após, começa o tempo de missão. Os seminaristas são enviados, em equipes, para evangelizar em diversos lugares. ;É um tempo muito rico porque eles não estão mais na estrutura do seminário. Quando voltam, estudam teologia e partem para a etapa pastoral, em que vão morar em paróquias e aprender coisas práticas. Depois de viver esse período, serão ordenados diáconos e, finalmente, sacerdotes;, conta Paulo de Matos. O seminário, além de diocesano e missionário, é internacional. Hoje, o local abriga rapazes de 16 nações com total disponibilidade ; seja durante, seja após a formação ; de serem enviados para qualquer lugar do mundo.
O italiano Matteo Fraioli, 27, está há dois anos na instituição de Brasília. Ele também passou 12 meses na Dinamarca. Em 2009, encontrava-se em uma peregrinação na África e percebeu pela primeira vez o chamado. Segundo ele, no início, foi apenas uma sensação. ;Eu estava muito afastado da Igreja. Essa viagem era um pedido a Deus, em um momento de confusão, para se fazer presente em minha vida. Foi uma experiência que levei dentro de mim, mas não sabia racionalizar. Por muito tempo, eu lutei contra a minha vocação, não aceitava;, confessa. Com o passar dos anos, Matteo sentia mais forte o chamado, mas não aceitava, por não entender e também por sentir medo. Segundo ele, quando conseguiu compreender que não era uma obrigação e sim um convite para participar do amor de Deus na missão, viu que era mais do que aceitar. ;Depois, entendemos que não deixamos nada, e que, sim, só estamos ganhando. Hoje, o mais árduo é me aceitar na vocação. Sempre pensei que Deus me chamava à perfeição, mas só Ele é perfeito;, exalta o rapaz.
Natural de Roma, o jovem deixou familiares e amigos com um propósito: disseminar o Evangelho. Os fantasmas da dúvida e da desistência já o assombraram, mas, cada vez que lembra o que já viveu, foca no que está sendo proporcionado no momento. ;Vivi um sofrimento enorme quando saí da Igreja. Experimentei uma morte profunda na minha juventude, eu me deixei levar pelo mundo, aproveitei e fiquei nele. Meu fim é a felicidade, e isso ele não me deu. Se fala muito em vida eterna e eu acho que a Igreja está me dando isso na missão;, constata.
Mudança
A rotina dos formadores e seminaristas é corrida. Eles levantam pela manhã, fazem oração, tomam café, cantam salmos e depois oram novamente em silêncio. O tempo seguinte é dedicado às atividades acadêmicas. No período da tarde, todos os dias, celebram a eucaristia e também fazem estudo pessoal. Às quintas-feiras, eles têm longas horas de oração com as Escrituras. Aos sábados, os rapazes vão para as paróquias das comunidades que fazem parte e, depois, retornam para o seminário. ;Quando eles precisam sair, sempre saem acompanhados, porque foi exatamente assim que Cristo nos ensinou. Eles não têm dinheiro pessoal. Quando entram aqui, eles entregam aquilo que têm ou ganham. Se precisam, pedem. Celular nós também recolhemos, mas, quando precisam sair, em cada carro há um aparelho ligado, então tem como serem localizados;, explica o vice-reitor.
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