Cidades

UTIgates: 6 hospitais aparecem como beneficiários de créditos orçamentários

A Secretaria de Saúde classificou, em nota, como %u201Cgrave%u201D a existência de algum tipo de entendimento prévio entre os parlamentares e as empresas

Otávio Augusto
postado em 18/08/2016 11:21
O Fundo de Saúde do DF reconheceu, em dezembro do ano passado, dívidas dos hospitais Santa Marta (R$ 11 milhões), Home (R$ 5 milhões), Intensicare (R$ 5 milhões), Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (R$ 4,5 milhões), São Mateus (R$ 2,5 milhões) e São Francisco (R$ 2 milhões). O pagamento dos serviços de terapia intensiva está comprometido desde 2008, segundo o Sindicato Brasiliense de Hospitais, Casas de Saúde e Clínicas.

Paulo Henrique Motta, diretor do Hospital São Mateus, conta que, no fim do ano passado, um assessor ligou para ele, tentou marcar uma reunião e disse que o ;projeto; facilitaria o pagamento do débito. ;Recebemos uma parte do reconhecimento da dívida dessa verba. Houve insinuações, mas nenhuma proposta concretamente. Não cheguei a marcar a reunião e não negociei.; A unidade disponibiliza 13 leitos de UTI, em contrato com o Executivo local desde 2010. Do valor reconhecido, segundo Paulo, só R$ 1,5 milhão foram pagos.



[SAIBAMAIS]A maior fatia do montante pago ficou com o Hospital Santa Marta, que por 60 meses manteve contrato com o governo. O acordo acabou em fevereiro. Eles negam o pagamento de propina. ;Repudiamos qualquer suposição de busca de favorecimentos, uma vez que nosso crédito vem sendo buscado de maneira oficial;, destaca nota. O Instituto de Cardiologia do DF, o Hospital São Francisco e o Home também refutaram, em nota, qualquer tipo de envolvimento no esquema. O Correio não conseguiu contato com o Intensicare.

Ricardo Cardoso dos Santos, ex-diretor do Fundo da Saúde, explicou que a lei determina que os restos do orçamento destinado ao Fundo fossem para o pagamento de despesas de exercício anterior. ;Fizemos o rateio por antiguidade da dívida e obedecendo à proporcionalidade dos débitos referentes a UTI.; Ele foi exonerado em 21 de julho.

A Secretaria de Saúde classificou, em nota, como ;grave; a existência de algum tipo de entendimento prévio entre os parlamentares e as empresas, e cobrou que os fatos sejam apurados e os envolvidos punidos pelas irregularidades. Entretanto, a pasta não detalhou quanto deve e a quais empresas atualmente. ;Os recursos foram utilizados para o pagamento de dívidas acumuladas desde 2014;, resume o texto.

Esta reportagem foi atualizada com uma correção. Ao contrário do publicado na versão impressa do Correio Braziliense, Paulo Henrique Motta é diretor do Hospital São Mateus, e não do Hospital São Francisco.

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