Cidades

Nos últimos 3 anos, só 22 homens solteiros buscaram adoções de crianças

A falta de informação e o preconceito podem explicar as razões da baixa procura

Adriana Bernardes
postado em 22/08/2016 07:42
Aos 31 anos, Célio Aráujo adotou sozinho os irmãos Anderson e Carlos: emoção ao ser chamado de pai

No abrigo em que trabalha como cuidador, Célio Araújo, 31 anos, conheceu os irmãos Anderson, 10, e Carlos, 12. Apesar de não possuir nenhum relacionamento conjugal, hoje é chamado de pai pelas duas crianças e está prestes a conseguir a guarda definitiva. Ele faz parte de um universo ainda pequeno de homens solteiros que escolheram ser pais adotivos. No Distrito Federal, são pelo menos 22 casos como o de Célio nos últimos três anos. A falta de informação e o preconceito podem explicar as razões da baixa procura.

Por trabalhar na área, Célio sabia como funcionava a adoção por pessoas solteiras e não teve dúvidas durante o processo. ;Realmente, existem pessoas que têm o desejo de adotar, mas, por falta de conhecimento da legislação, que mudou há poucos anos, acabam deixando de lado essa vontade;, aponta. O cuidador sempre teve um forte vínculo com os irmãos. As duas crianças tinham um comportamento difícil dentro da instituição, fugiam constantemente, não frequentavam a escola regularmente e eram agressivos. Todas as vezes em que saíam do abrigo e não voltavam, somente a presença de Célio fazia com que eles retornassem. Em uma dessas ocasiões, passaram sete dias desparecidos.



;Eles tinham ido até Ceilândia atrás da família biológica, que mais uma vez os rejeitou. Uma vizinha os encontrou na calçada, depois da meia-noite, muito sujos. Fui ao encontro deles, e disseram que só voltariam se pudessem ir para minha casa;, conta. Célio pediu autorização aos coordenadores do abrigo e, em alguns fins de semana, levava as crianças para a própria residência. O desejo de adoção era antigo, mas ele sempre aguardava um momento financeiro melhor. A família biológica ainda tinha direito de visitas, mas, como os parentes nunca demonstraram interesse, o juiz retirou o benefício. ;Eles foram para a fila de adoção, mas há muito preconceito com crianças mais velhas. Com o processo formalizado, eles começaram a passar os fins de semana na minha casa. Em dezembro, oito meses depois, eu ganhei a guarda provisória;, relata.

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