Isa Stacciarini
postado em 23/08/2016 12:09
O deputado distrital Chico Vigilante (PT) acusou servidores de destruirem provas em favor de integrantes da Câmara Legislativa do DF. O petista afirmou que computadores foram retirados de gabinetes da Casa na segunda-feira (22/8), véspera da Operação Dracon, desencadeada na manhã desta terça-feira (23/8). Um dos suspeitos de atrapalhar as investigações, segundo fontes de dentro do Legislativo local e de pessoas ligadas à investigação, o que é considerado crime, é o servidor do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Sandro de Morais Vieira. Ele é braço-direito e assessor da deputada Celina Leão (PPS), principal alvo da força-tarefa do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) que apura desvio de emendas parlamentares mediante pagamento de propina.
A Justiça afastou Celina Leão da presidência da Câmara Legislativa, na manhã desta terça, e autorizou policiais civis a cumprirem mandados de busca e apreensão na Casa. Assessor de Celina, Sandro Vieira tem o nome envolvido em outros escândalos políticos. Ele também tem forte influência no Executivo local. Irmão dele, o técnico penitenciário Alcidino Vieira assumiu cargo de chefia da Procuradoria-Jurídica do Departamento de Trânsito do DF (Detran-DF) na atual gestão, mas acabou exonerado em 29 de julho.
Em 2005, na CPI da Educação, Sandro era assessor da deputada Eurides Brito e chegou a ser indiciado por indícios de sonegação fiscal e crimes contra a ordem tributária. De acordo com o relatório final produzido em junho de 2006, havia existência de outros crimes após análise dos documentos de quebra de sigilo bancário, mas eles foram encaminhados ao MPDFT.
À época, investigadores analisaram movimentações financeiras, contábeis e fiscais de Sandro. Os rendimentos dele em 2000, 2001 e 2003 eram insuficientes para os bens declarados no Imposto de Renda, segundo a investigação. Ele omitiu informações, ;restando a intenção de prestar declaração falsa e/ou omitir, total ou parcialmente, informação que devia ser produzida a agentes das pessoas jurídicas de direito público interno, com a intenção de eximir-se, total ou parcialmente, do pagamento de tributos;, de acordo com o relatório produzido.
De 2000 a 2004, o rendimento declarado e único foi de R$ 125.332,63. No entanto, segundo a análise de contas correntes ; sem serem considerados depósitos referentes a salário, mas efetuados em dinheiro ou por meio de créditos ; mostraram que havia créditos de R$ 258.832,58. ;Valores esses com fortes indícios de sonegação fiscal e origem não declarada;, afirma o relatório.
O documento mostra, ainda, que Sandro tinha rendimentos líquidos insuficientes para justificar a variação patrimonial e apresentava volume de gastos pessoais incompatível com os rendimentos declarados, evidenciando sinais de enriquecimento ilícito.
O Correio tentou falar com Sandro no número de celular dele durante a manhã desta terça-feira (23/8), mas não conseguiu contato. No início da noite a reportagem teve acesso a uma nota assinada por ele. Sandro garantiu que não retirou computadores nem qualquer outra prova da Câmara. Disse que procurou voluntariamente o MPDFT para prestar esclarecimentos e informou que o inventário patrimonial da presidência, da assessoria e do gabinete parlamentar foi colocado à disposição do Ministério Público. Afirmou, ainda, que as imagens internas da Casa e entregues a Polícia Civil comprovam que não houve retirada de computadores.