Cidades

Escândalos de corrupção comprometem ainda mais imagem da Câmara Legislativa

Especialistas avaliam que o processo, apesar de penoso, é necessário, e a participação da sociedade, essencial

postado em 29/08/2016 06:10
Os escândalos políticos revelados nas últimas semanas colocaram em cheque, mais uma vez, a competência e a importância da Câmara Legislativa para o Distrito Federal. O terremoto causado pelo vazamento das conversas entre Celina Leão (PPS) e Liliane Roriz (PTB), segundo cientistas políticos e especialistas ouvidos pelo Correio, encontra-se distante de acabar e o caminho para o restabelecimento da credibilidade do Legislativo local, provavelmente, será complicado.

O processo, ainda assim, é necessário. Apesar do desgaste diante da população, a Casa é imprescindível para a regulamentação e a aprovação de leis em benefício dos brasilienses. Além disso, é dever dos 24 deputados distritais receber e observar demandas, a fim de encaminhá-las ao Buriti: eles moldam as necessidades da comunidade em ofícios. Dessa forma, estudiosos são categóricos ao afirmar que os problemas políticos não são desencadeados pela existência da CLDF e, sim, por alguns ocupantes das cadeiras de maior prestígio do Plenário.

Os fatos investigados atualmente pela Operação Drácon remetem ao último grande escândalo de corrupção do DF, desvelado pela Operação Caixa de Pandora, deflagrada em 2009. À época, a Polícia Federal investigava um esquema de pagamento de propina em troca do apoio de parlamentares. De acordo com o advogado perito em políticas públicas Emerson Masullo, os áudios que denunciam a conjectural liberação de subsídios das emendas para a quitação de dívidas das UTIs mediante a disponibilização de propina por parte de empresários do setor da saúde apenas trouxeram à tona problemas que se alastram na Câmara Legislativa há cerca de uma década.

O especialista ressalta que o cenário se deve à falta de fiscalização das ações dos parlamentares. ;Caso houvesse programas destinados ao mapeamento de projetos, a situação seria diferente. Um controle que apure o direcionamento de verbas, observe as execuções de perto e atente, verdadeiramente, para a gestão de contratos seria efetivo;, opina. Masullo evidencia, ainda, o papel fundamental da mobilização comunitária para a transformação da abalada conjuntura política brasiliense. ;Não devemos nos manifestar apenas quando ocorrem denúncias;, defende. O jurista sublinha os meios de atuação viáveis a todas as parcelas da população ; ouvidorias, portais de transparência e encaminhamento de Projetos de Lei de Iniciativa Popular (leia Formas de participar).

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