Luiz Calcagno
postado em 29/08/2016 10:23

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A polícia trabalha com duas hipóteses: crime político ou vingança. João Miranda era opositor de Itamar e fazia denúncias contra a gestão do prefeito em um site que mantinha, o SAD Sem censura. Ele também postava notícias sobre a violência e o tráfico de drogas na cidade. O filho do segurança do prefeito foi preso na casa da avó, no município. Apesar de reconhecidos por testemunhas, ele e o pai negaram envolvimento no crime.
João era funcionário e amigo próximo do vice-prefeito, Valter da Guarda Mirim, e já se queixava de ameaças. Poucos dias antes do crime, postou em uma página do Facebook um vídeo que mostrava o prefeito dando dinheiro para uma secretrária em frente ao Fórum de Santo Antônio do Descoberto. Ele também teve o carro incendiado em 2014.
Mortes suspeitas
Esse não é o único caso de assassinato de uma pessoa envolvida com política e opositores do prefeito na cidade, durante o período de campanha eleitoral. Em 21 de agosto, o vice-presidente do Partido da República (PR) na cidade goiana, Paulino Rodrigues da Silva, 58 anos, o Pastor Paulino, morreu ao ser atingido por quatro tiros na porta de casa, no bairro Morada Nobre ; as características do crime são parecidas com as do homicídio do jornalista.
Paulino apoiava a candidata a prefeita Estela Souza (PR). Estela é ex-mulher e opositora de Itamar. Um dia após o assassinato, o vice-prefeito, Valter da Guarda Mirim, foi intimidado por dois homens armados. O vice-presidente local do PR chegou a ser socorrido e levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos.
Os casos levaram a promotora eleitoral de Santo Antônio do Descoberto, Tarcila Britto, a preparar um ofício para encaminhar ao Tribunal Regional Eleitoral e à Secretaria de Segurança Pública de Goiás. No documento, ela narra todas as situações de prováveis crimes de motivação política e pede reforço na segurança do município distante 49km de Brasília, principalmente para as eleições de outubro.
;Houve uma morte há menos de um mês nas mesmas circunstâncias. Normalmente, a violência na cidade é marginalizada, ligada a tráfico, rixas e outros. Mas, coincidentemente, está migrando para um lado político que desconhecemos;, relata. Ela também entrou em contato com o Ministério Público Eleitoral e tem apoio do procurador regional eleitoral, Alexandre Moreira.