Isa Stacciarini
postado em 01/09/2016 06:00
O ;não; serviu de fermento para o movimento reivindicatório da Polícia Civil. A categoria cobra equiparação de reajuste salarial com a Polícia Federal e rejeitou a proposta do GDF, que ofereceu aumento de 8% em 2018; 7% em 2019; 8% em 2020; e 10% em 2021. Agora, a categoria entrará com um mandado de segurança na Justiça para exigir a publicação das exonerações de cargos de chefia no Diário Oficial do DF imediatamente. O Executivo local prometeu uma nova rodada de negociações na segunda-feira, em nova reunião, no Ministério Público do DF.
A crise na segurança pública se acirra com a evidente competição entre policiais militares e civis. Novos episódios registrados desde segunda-feira revelam a guerra travada entre as forças. Para apimentar a situação, militares ameaçam fazer Operação Tartaruga, caso não conquistem os mesmos direitos oferecidos para os colegas da Civil.
Para agentes e delegados, a tentativa de acordo do Executivo local não garante a paridade com a PF. Além de oferecer 33%, o GDF lançou a conta para a próxima gestão. Hoje, policiais civis fazem uma assembleia às 14h a fim de deliberar a respeito dos próximos passos no movimento. Na tarde de ontem, sindicalistas se reuniram com as lideranças de todas as delegacias para decidir sobre as articulações a partir de agora.
O secretário da Casa Civil de Relações Institucionais e Sociais do GDF, Sérgio Sampaio, destaca que no fim do processo de aumento salarial, o impacto seria de R$ 545 milhões para os cofres públicos. ;O governo está no limite financeiro com essa proposta, mas continuamos abertos ao diálogo. Nós não estamos inventando uma crise: ela é real. O DF não cabe no orçamento. Mesmo com as reduções que fizemos, temos um rombo de R$ 1 bilhão nos cofres;, definiu.
O diretor do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil (Sindepo), Rafael Sampaio, alega que, em assembleias anteriores, a categoria decidiu aceitar a proposta do governo só em caso de reajuste fechado até 2019. ;O mesmo mal que (Rodrigo) Rollemberg alega ter recebido de Agnelo (Queiroz, do PT), ele repete ao colocar a responsabilidade para o próximo governo. Não vemos a proposta com bons olhos, porque teríamos zero de reajuste em 2017 e um percentual praticamente abaixo da inflação até o fim do próximo governo;, considerou. Rafael Sampaio comentou que se reuniria com a diretoria do sindicato para fazer uma avaliação conjunta e verificarem qual será o melhor movimento agora. ;Mais de 95% dos servidores já entregaram os cargos;, garantiu.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF (Sinpol), Rodrigo Franco, a tendência é que o movimento PCDF Legal permaneça. ;Houve uma piora na proposta quando todo mundo, até o Ministério Público, imaginava um avanço. O governo recua e piora a crise com a Polícia Civil. O GDF foge de qualquer negociação salarial com os policiais civis durante o mandato e empurra para o próximo governador a responsabilidade;, analisou.
Do outro lado
A pressão dos militares para obterem as mesmas conquistas é considerada injustificável pelos policiais civis. Segundo a categoria, a PM precisa buscar paridade com a Força Nacional. ;A PM faz a negociação deles a parte com o governo e eu não sei se isso atrapalha (o pleito dos policiais civis). Ao longo dos anos eles, tiveram mais de 60% de composição salarial e vão receber a última parcela até o fim do ano, enquanto nós tivemos 15,8% divididos em três anos;, reclamou Rodrigo Franco.
Já o diretor do Sindepo considerou que, nos bastidores, circula a informação de que a resistência de policiais militares atrapalham no avanço das negociações. ;O governo falou hoje (ontem), na reunião, que não estão à mesa com a PM. É absolutamente inadequado esse tipo de vinculação e demonstra um erro de avaliação política gigantesco. Não há nenhuma vinculação história, jurídica ou de qualquer natureza entre PM e Polícia Civil;, reforçou.
A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique