Cinco dos sete médicos envolvidos no esquema da máfia das proteses no DF receberam liberdade provisória na noite desta sexta-feira (2/9). Entre os nomes confirmados estão Wenner Costa Catanhêde e Rogério Gomes Damasceno - apontado como sendo um dos profissionais mais atuantes do esquema de propinas da TM/Home. Eles foram presos na última quinta-feira (1/9) durante os dedobramentos da operação Mister Hyde. A suspeita é de que tenha sido constituída uma organização criminosa que envolva procedimentos médicos desnecessários com o uso de órteses e próteses de qualidade inferior ou com data de validade vencida, compradas com preços superfaturados. No total 13 pessoas foram presas envolvidas no esquema.
Sete deles dos presos são médicos e os demais funcionários de hospitais, de clínicas e da empresa que estava no centro do esquema. A organização criminosa alvo de uma grande operação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e da Polícia Civil agia na capital federal com a participação de médicos e de empresários do ramo de prótese, um diretor de hospital, além de funcionários. Os advogados de defesa Wenner Costa Catanhêde e Rogério Gomes Damasceno entraram com um pedido de Harbeas Corpus ainda na quinta-feira (1/9), alegando ausência de fundamentação da decisão. O desembagador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) João Batista Teixeira aceitou o argumento, e a decisão de liberdade também foi estendida para outros três médicos presos.
De acordo com a Polícia Civil, as investigações começaram no ano passado, por meio de uma denúncia na internet, feita por um instrumentador cirúrgico.Segundo o delegado-chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (DECO), Luiz Henrique Dourado, os golpes começavam pela identificação de um paciente que fosse um ;projeto econômico;, ou seja, um alvo para a realização dos procedimentos médicos desnecessários. O hospital entrava em contato com a empresa de venda de próteses e órteses, momento em que o médico alinhava com os funcionários o material que deveria ser incluído no procedimento cirúrgico e também as recompensas financeiras que receberiam pela ;indicação; do material, além de superfaturarem os preços. As gratificações eram pagas em dinheiro e por ;mimos;, como viagens, segundo a operação.
A Polícia Civil afirma que ao menos 60 pacientes foram lesados em 2016 por uma das empresas investigadas. O esquema criminoso movimenta milhões de reais em cirurgias, equipamentos e propinas.Os crimes teriam sido praticados nas esferas pública e privada da Saúde. A apuração da Mister Hyde evidencia casos em que cirurgias eram sabotadas pelos médicos para que o paciente necessitasse novos procedimentos, o que geraria lucro para o esquema. Além de utilizarem produtos vencidos, os envolvidos também trocavam produtos mais caros por outros de menor custo.