Flávia Maia, Nathália Cardim
postado em 05/09/2016 06:01
Começam hoje as oitivas das novas vítimas identificadas pela Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) durante a Operação Mister Hyde. Com os depoimentos e a análise do material apreendido nas diligências que revelaram a atuação do esquema criminoso articulado por médicos e empresários do DF, a Polícia Civil e o Ministério Público pretendem identificar outros profissionais envolvidos ; além dos sete médicos presos. Em alguns casos, procedimentos que custariam R$ 15 mil foram cobrados até R$ 70 mil. A investigação aponta que planos de saúde e clínicas também foram lesados.O delegado adjunto da Deco, Adriano Valente, informou que, no fim de semana, não foram feitas diligências externas, como as realizadas no Hospital Home (613 Sul), no escritório TM Medical (Sudoeste) e nas casas dos médicos. Agora, as equipes estão debruçadas no farto material apreendido na ação desencadeada na quinta. São documentos, prontuários e produtos usados em cirurgias, tudo encontrado no cumprimento de mandados de busca e apreensão. Os depoimentos se somarão às provas.
Além disso, dos sete profissionais citados na operação, dois têm ações judiciais relativas a erro médico na Justiça do DF. Alguns processos se arrastam há mais de seis anos. Em um deles, na 16; Vara Cível, a família pede indenização a Leandro Pretto Flores por danos causados após uma biópsia no cérebro. No processo, o juiz pede a indicação de um perito para o caso, e o médico acusado no esquema indica Johnny Wesley Gonçalves Martins, suspeito de ser o gerenciador da organização.
Outra ação corre contra o neurocirurgião Rogério Damasceno, na Vara Cível do Riacho Fundo. Ao ler sobre o caso no Correio, o militar Ederson Prado Sales, 32 anos, relacionou o nome do profissional ao procedimento malsucedido que deixou a sogra dele, Luzia Bernardes Barbosa, 43 anos, cega. Ederson conta que, em 2012, Damasceno informou à família que a paciente teria de introduzir um balão na face para corrigir um trauma. Deveria ser colocado na altura do maxilar para aliviar a pressão. ;Ela entrou no centro cirúrgico com a visão perfeita, conforme documentos comprobatórios e, no mesmo dia, ela não mais enxergava.;
A família recorreu às esferas civil, criminal e administrativa. O advogado de defesa de Damasceno, Pedro Ivo Velloso, informou que perícia no processo não concluiu a ação como erro médico. ;Neste caso, a acusação da vítima é frágil. A perita diz que a perda de visão pode não ter relação com o procedimento;, alegou.
Em nota, o Home negou que os médicos citados na investigação sejam do quadro clínico da unidade, fazendo só internações e procedimentos na estrutura do hospital. Informou, ainda, que contribui com as investigações.
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