Cidades

DF não cumpre metas do Ministério da Educação e não avança no Ideb

Brasília está entre as três unidades da Federação que não alcançaram sequer a meta estipulada para os anos iniciais do ensino fundamental. Situação é ainda mais preocupante no ensino médio, em que 15% dos estudantes estão no nível zero de proficiência

postado em 09/09/2016 06:10

O índice do ensino médio na capital federal permaneceu em 4 pontos. Especialistas defendem modificações no currículo para tornar as aulas atraentes


Em 2015, o Distrito Federal não cumpriu nenhuma das metas estabelecidas pelo Ministério da Educação (MEC) para o desempenho no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Brasília ficou entre as três unidades da Federação que não alcançaram sequer a meta para os anos iniciais do ensino fundamental ; faltou um décimo para que a capital alcançasse o patamar programado, de 6,1. Já nos anos finais, os estudantes brasilienses alcançaram uma média de 4,5 ; 0,6 ponto abaixo do esperado. No ensino médio, o indicador ficou meio ponto abaixo da meta, em 4 pontos. A escala vai de zero a 10.

Questionado sobre os motivos do desempenho ruim, o secretário de Educação do DF, Júlio Gregório Filho, afirma que os resultados estavam abaixo das metas já em edições anteriores ; em 2013, o patamar ideal foi atingido na rede pública e, na média geral, apenas no 5; ano do ensino fundamental. ;As provas foram aplicadas em 2015, sem grandes possibilidades de transformação do sistema de ensino na nossa gestão, num período em que a rede pública estava em greve, o que prejudicou bastante, pois o clima não era de normalidade;, comenta. A Prova Brasil, cuja nota compõe um dos indicadores do Ideb, além de aprovação e evasão, foi aplicada em novembro de 2015. Os professores entraram em greve em 15 de outubro e saíram em 12 de novembro.

Cleber Ribeiro Soares, diretor de Imprensa do Sindicato dos Professores do Distrito Federal (Sinpro/DF), não comentou os resultados do Ideb, mas analisou as causas para a baixa performance das escolas locais. ;A greve não deve ser o único indicador considerado. É fundamental avaliar as condições oferecidas no processo de aprendizado. Se você não dá as condições ideais, não terá bons resultados;, diz, ao listar problemas da educação básica pública na capital, como falta de materiais e de locais apropriados para estudo, além de atrasos em repasses de recursos.

;Falta investimento e seriedade na educação pública, e a sociedade não suporta mais a distância entre o discurso de quem está no poder e a realidade, que é a falta de investimento e o cuidado. Nós temos um corpo de docentes extremamente comprometido com a educação pública, mas desvalorizado pelo Governo do Distrito Federal;, reclama o professor, que integra o quadro de profissionais da Secretaria de Educação há 23 anos.

Mudança estrutural
A proficiência dos estudantes do DF em português e em matemática é outro dado que preocupa. No ensino médio, 15% deles estão no nível 0 de capacidade nas duas disciplinas, em uma escala que vai até o nível 10. Quase 80% não chegaram à metade da escala em matemática ; estão entre os níveis 0 e 4. Nos anos finais do ensino fundamental, 77% dos estudantes que participaram da avaliação se encontram nesses mesmos níveis.

Para o secretário de Educação, Júlio Gregório, mais que estabelecer rankings, o Ideb deve servir para estimular uma reflexão com professores e coordenadores em prol de melhorias e buscando atender o interesse dos alunos. ;O sistema atual é defasado e agressivo para o estudante e para o professor, e eles não estão aguentando: o docente adoece, e os discentes não são atraídos pelo que é oferecido e saem ; daí a alta evasão;, avalia. Os percentuais de reprovação também são elevados. ;É preciso rever um sistema que produz mais de 30% de reprovados. Não é necessário facilitar ou diminuir o nível, mas pedir conhecimentos que gerem interesse e façam sentido para que as pessoas cheguem preparadas ao mercado de trabalho.;

A proposta de Júlio Gregório é condizente com a do ministro da Educação, Mendonça Filho, que defende uma grande reforma no ensino médio, para reverter o mau desempenho e a evasão escolar. Luis Claudio Megiorin, presidente da Associação de Pais e Alunos das Instituições de Ensino do Distrito Federal (Aspa-DF), se posiciona ceticamente quanto às mudanças propostas por Mendonça Filho. ;Eu sou favorável à reformulação, mas não é por aí. Se o ensino médio está ruim, é porque o ensino fundamental não é bom. É preciso mexer em toda a estrutura, alfabetizar a criança na idade certa;, observa. O topo do ranking das melhores escolas públicas do DF nos anos iniciais e finais do ensino fundamental ficou com colégios militares (veja o quadro). O sistema não gera lista de classificação para o ensino médio nem para colégios particulares.

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