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Estudos apontam que, por ano, 1% do Cerrado é destruído

Uma série de eventos alerta sobre a ameaça por que passa um dos mais importantes biomas brasileiros

postado em 10/09/2016 06:15

Uma série de eventos alerta sobre a ameaça por que passa um dos mais importantes biomas brasileiros


Imaginar viver sem água e, consequentemente, sem energia não é algo fácil para quem nasceu e passou a vida toda usufruindo desses bens naturais. Cuidar para que eles não sumam do mapa é uma tarefa que demanda empenho, mas também conhecimento. Nem todo mundo sabe, por exemplo, que 95% da produção da Usina Hidrelétrica de Itaipu vem da água do cerrado. E mais: que nove em cada 10 brasileiros consomem eletricidades geradas por águas do cerrado. Até aí tudo bem, se não perdêssemos, por ano, 1% do bioma. ;Se continuar assim, a previsão é de que em 40 ou 50 anos o Cerrado desapareça;, alerta o analista de conservação do programa Cerrado Pantanal WWF Brasil, Kolbe Soares.

São cerca de 204 milhões de hectares de cerrado no Brasil, mas mais de 57% dessa área já foram completamente destruídas. E metade do bioma remanescente está totalmente descaracterizado pela intervenção humana, segundo estudos da ONG ambientalista Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil). No Distrito Federal, o cerrado já perdeu 60% da cobertura original. Para chamar atenção para o tema, problemas e estratégias pensadas para tentar reverter essa situação, ocorre em Brasília, até amanhã, a Virada do Cerrado.

O evento foi pensado pela Secretaria do Meio Ambiente e articulado em parceria com movimentos do setor, ONGs, escolas, universidades e outras áreas para a execução de mais de 500 atividades em cinco dias de Virada. A abertura foi em 7 se setembro e segue até o dia 11, ponto alto da agenda, quando é comemorado o Dia do Cerrado (confira a programação). Segundo o secretário de Meio Ambiente do Distrito Federal, André Lima, tudo foi inspirado na virada cultural e sustentável que ocorre uma vez por ano em São Paulo, mas, aqui, ganhou um apelo diferente. ;Aqui em Brasília, será uma virada no sentido de mudança de consciência, um despertar. Para que a população veja, se interesse e saiba da necessidade de preservar e recuperar o nosso cerrado;, aponta o secretário.

Desabastecimento
Uma das preocupações é com a água. Os reservatórios do DF, segundo aponta rastreamento feito pela pasta, estão abaixo de 45% da capacidade. A situação das barragens do Descoberto e do Torto/Santa Maria está em alerta, com níveis de água abaixo dos esperados anualmente. Parte da agenda política da Virada do Cerrado prevê a criação do Comitê da Reserva da Biosfera do Cerrado e o investimento de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões no bioma, em dois anos, a partir de 2017. ;É preciso recuperar nascentes, fazer plantio de árvores, porque a situação é crítica no país. E no DF não é diferente. Aqui, na região do PAD/DF, por exemplo, agricultores perderam a safra deste ano, porque não têm água suficiente para o cultivo;, revela André Lima.

Analista de conservação do Programa Cerrado Pantanal WWF Brasil, Kolbe Soares chama atenção para a rede de produção que poderá ser afetada em caso de uma perda ainda maior do cerrado. A água é uma área primordial, mas, segundo Kolbe, é apenas um do recursos prejudicados. ;Os plantios, o celeiro agrícola, a soja, principalmente, que tem 60% da produção no cerrado, até a agropecuária. Vai interferir em toda a estrutura. Ou seja, nosso objetivo durante estes dias é conscientizar sobre a importância de preservar o cerrado e reverter essas ameaças sobre o bioma;, afirma o especialista.

Na última quinta-feira, a Escola Classe 9, no Gama, trabalhou o tema com os alunos dentro da agenda da Virada do Cerrado. Teve oficina de reciclagem, plantio de mudas de plantas, criação de murais em cima do tema e cinema na tenda. Para alguns ali, esse foi o primeiro contato com esse universo de cuidados com o meio ambiente. Segundo a assessora da Diretoria de Articulação da Administração do Gama, Nilma da Silva Victor, é importante que desde cedo as pessoas saibam o que prejudica ou não o meio ambiente. ;Às vezes, eles não sabem o que estão fazendo, não entendem sobre preservação do bioma, jogam lixo em qualquer lugar, então é importante ter esse tipo de trabalho e de informação para a comunidade;, pondera a servidora. Um dos projetos em andamento no Gama prevê a construção de jardins em todos os lotes e becos vazios da região.

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