Helena Mader
postado em 11/09/2016 06:10
A crise política na Câmara Legislativa e a decisão judicial que afastou a cúpula da Casa anteciparam a disputa pela presidência da Casa. As eleições para a nova Mesa Diretora serão realizadas em 1; de janeiro de 2017, mas, nos bastidores, a sucessão está aberta. A presidente afastada, Celina Leão (PPS), sonhava com mais um mandato à frente do Legislativo local e trabalhava intensamente para aprovar a emenda da reeleição. Mas a Operação Drácon (leia Entenda o caso) sepultou os planos de Celina e deflagrou a corrida interna, quatro meses antes do pleito. Apesar da antecipação do debate, ainda há muitas dúvidas em torno da escolha dos parlamentares, e os desdobramentos das investigações serão primordiais para o desfecho da eleição.
Oficialmente, os distritais evitam falar sobre o assunto. A articulação mais forte ocorre hoje em torno do nome do deputado Agaciel Maia (PR), que deve contar com o apoio de Rodrigo Rollemberg. Dois aliados do governador não escondem as pretensões de disputar o cargo, o que pode gerar desconforto no Palácio do Buriti e na base. Joe Valle (PDT) e Israel Batista (PV) têm conversado sobre o tema, mas apenas um deles deve registrar a candidatura, pois ambos integram o mesmo bloco parlamentar.
Em 2014, a definição dos nomes para a Presidência, a Vice-Presidência e para as três secretarias da Mesa Diretora ocorreu sem consenso. Na última eleição, Joe Valle também postulou o cargo, mas o governador Rodrigo Rollemberg decidiu apoiar Celina Leão, que, até então, era filiada ao PDT e fora aliada durante a campanha. Sem o Buriti, Joe resolveu não entrar na disputa, e Celina saiu como candidata única. À época, os deputados do PT, PMDB, PP e PTB, que não conseguiram conquistar o direito de indicar alguém para vice, decidiram se retirar do plenário e não votaram.
Para a próxima eleição, os distritais não vislumbram a possibilidade de consenso novamente. Mas Agaciel Maia pode conseguir um feito: reunir aliados e oposicionistas do governo em torno de sua candidatura. Ele prefere não falar abertamente como postulante ao posto, mas assume que pode se lançar na corrida eleitoral da Câmara. ;Com essa confusão toda, é preciso esperar um pouco mais;, desconversa Agaciel, fazendo menção às denúncias contra os colegas.
O parlamentar do PR, entretanto, tem discurso de candidato. ;Tenho conversado com os colegas para analisar o quadro atual, mas posso dizer que não tenho essa ansiedade nem essa vaidade de ser presidente da Câmara. Já presidi a Comissão de Orçamento e Finanças, fui vice-presidente, acho que sou apto para o cargo, mas não é algo fundamental para mim;, diz Agaciel. ;Se os deputados acharem que pode ser bom institucionalmente para a Casa, sinto-me preparado;, acrescenta.
Um fator que gera embaraço para o Palácio do Buriti é o fato de o deputado integrar o PR, partido do ex-governador José Roberto Arruda, que faz oposição ao GDF. Agaciel migrou para a legenda no início do ano, quando se abriu janela para trocas partidárias. Ele garante que negociou com o PR a garantia para ter independência no cenário local. O distrital escolheu o partido de olho nas eleições de 2018, pois o nanico PTC não terá tempo de televisão na campanha.
Pacificar
O deputado Chico Vigilante (PT) é um dos que declara voto abertamente a Agaciel Maia. ;Precisamos verificar o que é melhor para a Câmara Legislativa neste momento. Acredito que, nessa situação difícil, o ideal é ter alguém com experiência e credibilidade, para pacificar os ânimos na Casa;, justifica Chico Vigilante.
O deputado Joe Valle, que no mês passado deixou o governo para retomar seu mandato na Câmara Legislativa, evita falar em candidatura, mas defende mudanças na gestão da Casa. ;A Câmara Legislativa tem 24 candidatos à Presidência, todos os deputados se colocam. Eu sou um deles;, comenta. ;Se fosse por um modelo de gestão diferenciado, adequado, e se fosse um processo acordado com os deputados, logicamente, colocaria meu nome à disposição. Mas não é assim que funciona na Casa;, explica.
Joe Valle defende maior integração do Legislativo local com a sociedade. ;A cidade não tem relação direta com a Câmara, a não ser em votação pontuais, quando as galerias ficam cheias de gente. A Câmara deveria participar de campanhas importantes, como de combate às drogas e de paz no trânsito, por exemplo;, defende o distrital do PDT.
Reeleição
Em dezembro do ano passado, a deputada Celina Leão conseguiu aprovar, em primeiro turno, o projeto de emenda à Lei Orgânica que permite a reeleição para os cinco cargos da Mesa Diretora. A mudança nas regras da Casa ocorreu com 16 votos a favor, seis contra e duas abstenções. À época, Joe Valle e Agaciel Maia estavam entre os que fizeram oposição à emenda da reeleição. Desde o começo de 2016, Celina começou a articular a votação em segundo turno, e a análise do processo deveria ocorrer no fim deste ano.
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