A possibilidade de não acesso a um medicamento tem tirado o sono dos pais da pequena Gabriela de 8 anos. A menina que tem síndrome de Aircardi ; doença genética rara caracterizada pela ausência parcial de parte do cérebro, precisa usar um medicamento a base de canabidiol, substância derivada da maconha, para não ter constantes crises de convulsões. A família conseguiu por meio da justiça que o produto fosse fornecido pelo Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Porém, eles só conseguiram a aquisição pelo governo após um ano da decisão judicial. O problema é que até então, não houve liberação pelo órgão. Há menos de uma semana para acabar a medicação, a mãe teme a ausência. ;Estou desesperada com a situação. Tenho poucas ampolas que compramos;, afirma a professora Leila Weschenfelder Ferreira, 42 anos.
A menina usa o derivado há pouco mais de três anos. O composto isolado da erva da maconha vem sendo usado em tratamentos de doenças raras, como epilepsia, síndromes, câncer e até mesmo Alzheimer. Ele não altera os sentidos e também não provoca dependência. Foi o uso dele, que fez com que o quadro de saúde de Gabriela apresentasse melhora. ;Anteriormente, ela usava muitos medicamentos, o que passou a causar algumas debilitações. Ela tinha uma média de 20 convulsões por dia. Vimos no canabidiol uma saída para sua melhora e isso foi o certo. Em alguns dias ela nem tem crise e depois que passou a usar o medicamento voltou a interagir com as pessoas e voltou à escola;, detalha a mãe.
Desde a decisão da Justiça em agosto do ano passado. Os pais passaram a pressionar a Secretaria de Saúde para que o medicamento fosse comprado. ;Cada vez era um desculpa. Relataram que não sabiam como proceder com a comprar. Era para a decisão ser cumprida em cem dias e somente conseguiram comprar depois de um ano, e agora não conseguimos pegar os medicamentos;, disse a mãe. Em um dos contatos, a pasta informou que o produto havia chegado no último dia 18, e que o mesmo estaria na farmácia central da rede, no Setor de Indústria e Abastecimento, mas os pais não conseguiram pegar o produto para uso. ;Alegaram que o sistema de registro dos medicamentos está com problema e que por isso não podem liberar mesmo como uma ordem judicial. Enquanto isso estamos aflitos. O tratamento é muito caro, cada ampola usada custa em média R$700;.
Em nota, a Secretaria de Saúde informa que recebeu o medicamento Canabidiol apenas na última semana, e que a dispensação do medicamento para Gabriela acontecerá ainda esta semana. A Farmácia de Ações entrará em contato com a mãe da paciente para informá-la sobre a liberação. A Secretaria esclarece ainda que o Canabidiol não é fabricado no Brasil e o processo de importação depende de liberação da Anvisa e outros trâmites burocráticos.