Cidades

Dinheiro da Lava-Jato financiou campanhas de aliados de Luiz Estevão

UTC Engenharia teria doado recursos para a campanha eleitoral do DF por ordem do ex-senador Gim Argello. O próprio empresário, atualmente preso na Papuda, tirou verba do bolso com o objetivo de formar bancada na Câmara Legislativa

Helena Mader
postado em 13/09/2016 06:10

Para conseguir eleger uma bancada na Câmara Legislativa e retomar o protagonismo na política da capital federal, o senador cassado Luiz Estevão organizou uma campanha ao custo de R$ 3,22 milhões para seus candidatos a deputado distrital. Levantamento realizado pelo Correio nas prestações de contas entregues à Justiça Eleitoral mostra que, além de investir quase R$ 1 milhão do próprio bolso, o ex-senador teve à disposição R$ 1,54 milhão da UTC Engenharia. Os recursos foram doados a 47 candidatos indicados por Estevão.


Segundo investigadores da Operação Lava-Jato, a empresa teria doado dinheiro a campanhas no Distrito Federal por determinação do ex-senador Gim Argello. Em troca, os empresários da UTC seriam dispensados de convocações para depor na CPI da Petrobras. Em conversas gravadas pela deputada Liliane Roriz (PTB), antes mesmo de o caso vir à tona, Estevão já demonstrava conhecimento da origem ilícita do dinheiro. Advogados de réus da Lava-Jato não descartam pedir a oitiva do senador cassado para explicar as declarações.


[SAIBAMAIS]Em junho de 2013, Luiz Estevão assumiu o controle do PRTB. Como ele está com os direitos políticos cassados, foi Fernanda Estevão, filha do ex-senador, que virou presidente regional da legenda, com a bênção do pai. A partir daí, ele passou a organizar a estratégia para atingir a meta de eleger uma bancada na Câmara Legislativa. Sonhava em fazer até três parlamentares, mas o PRTB, em coligação com o PMN, elegeu dois: Liliane Roriz e Juarezão.


O PRTB tornou-se o terceiro partido com mais votos na eleição de 2014 ; atrás apenas de PT e PMDB. A estratégia de Estevão seguiu com o derramamento de dinheiro nas campanhas de 66 candidatos para, assim, chegar ao quociente eleitoral, que no último pleito marcou 63.549 votos. Esse foi o número mínimo de votos que uma coligação precisou registrar para eleger um parlamentar à Câmara Legislativa. ;Eu botei dinheiro em todas as campanhas, em maior e menor proporção. Se não fosse isso, a gente não teria conseguido eleger nem um deputado. Não fosse esse monte de gente que eu paguei, a gente não teria feito quociente eleitoral. É óbvio;, explicou Luiz Estevão, na conversa gravada por Liliane Roriz.

Inexpressividade
A UTC Engenharia aparece como a grande financiadora da bancada de Estevão. A maior beneficiada foi Liliane Roriz, que recebeu R$ 1 milhão da empreiteira. Em segundo lugar, surge o candidato Guarda Jânio, que recebeu R$ 180 mil da UTC, mas não conseguiu se eleger e ficou como primeiro suplente da coligação. A empresa, porém, doou recursos para concorrentes de todos os perfis, dos mais competitivos aos mais inexpressivos. Candidato pelo PRTB, Luiz Gonzaga de Lira gastou R$ 9,5 mil na eleição, dos quais R$ 2 mil vieram da UTC. O político conseguiu apenas 75 votos. Ou seja: cada voto do concorrente custou R$ 126 à coligação.


UTC Engenharia teria doado recursos para a campanha eleitoral do DF por ordem do ex-senador Gim Argello. O próprio empresário, atualmente preso na Papuda, tirou verba do bolso com o objetivo de formar bancada na Câmara Legislativa

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