Cidades

Investigadores suspeitam de segunda pessoa em assassinato de procuradores

Velório dos procuradores assassinados em Mato Grosso é acompanhado por centenas de parentes, amigos e autoridades, no Cemitério Campo da Esperança

Isa Stacciarini
postado em 16/09/2016 06:05

No enterro, comentários sobre a frieza do ato e a personalidade das vítimas (foto menor): profissionalismo e dedicação à família em primeiro lugar

Familiares, amigos e autoridades do Poder Judiciário local e nacional se reuniram para prestar a última homenagem aos procuradores Saint-Clair Martins Souto, 78 anos, e Saint-Clair Diniz Martins Souto, 38 anos. Pai e filho foram mortos brutalmente na fazenda de propriedade da família no município de Vila Rica (MT), a aproximadamente 1,3 mil quilômetros de Cuiabá. Enquanto a tristeza e a incredulidade tomavam conta do Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, a Polícia Civil de Mato Grosso investiga a possível participação de mais uma pessoa no duplo homicídio. A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) do estado também suspeita que o criminoso possa fazer parte de uma quadrilha de roubo de gados.

Na tarde de ontem, a capela 10, onde os corpos estavam sendo velados, ficou pequena para tanta gente. As viúvas dos dois advogados eram consoladas por amigos e parentes. Nas feições das pessoas, o semblante de consternação e solidariedade. Entre as lembranças, o profissionalismo e o amor à família de pai e filho predominavam. Os corpos foram velados em caixões fechados. Sobre cada um, a foto das vítimas. As coroas de flores ocuparam três carrinhos do cemitério. Estiveram presentes o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB); o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil do DF (OAB-DF), Juliano Costa Couto; e o presidente da Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do DF (Anape), Marcelo Terto.

Sobrinho do procurador aposentado Saint-Clair Souto, o servidor público Elvecio Martins Soares Souto, 56 anos, contou que a viúva do advogado, Elizabeth Diniz, falou com o assassino na manhã de segunda-feira para ter notícias do marido e do filho. ;Como o contato na fazenda é impossível, ela ligou para o Bonfim. Ele disse que os dois tinham antecipado a viagem para o sábado e deveriam ter chegado no domingo a Brasília, porque a viagem demora um dia. Ele ainda dissimulou outros dados, mas disse que pegaria a moto e iria à fazenda a fim de saber de mais alguma coisa. Essa informação foi dada pelo assassino depois que ele já tinha executado pai e filho;, contou.

Proximidade

Segundo o servidor público, a relação da família com o assassino era tão próxima que José Bonfim tinha visitado a fazenda da família em Unaí, frequentado a casa das vítimas e até a de Elvecio. ;De dois a três meses, meu tio ia até lá e costumava andar a cavalo com ele (José Bonfim), como aconteceu na hora da morte. A desconfiança começou quando o vaqueiro não atendeu mais as ligações. Imaginávamos que ele poderia ter algum envolvimento em outra ocasião, como um latrocínio (roubo seguido de morte), mas nunca desse jeito;, alegou. Elvecio contou que a viúva do idoso perdeu recentemente duas irmãs. ;Ela é uma fortaleza, mas ninguém é forte o suficiente para um caso desses;, lamentou.

Sócio dos advogados desde 1996, Paulo Marcelo de Carvalho também reforçou o contato da viúva do idoso com o funcionário da propriedade rural. ;Na segunda-feira à tarde, como ele (José Bonfim) não retornava contato, ela (Elizabeth Diniz) conseguiu falar com outra pessoa de Vila Rica. Foi aí que ficamos sabendo que o vaqueiro não estava mais na cidade;, ressaltou. Paulo revelou que a primeira hipótese da família era de um acidente. Após a localização do carro, a suspeita de sequestro ganhou força. Depois do sumiço do vaqueiro, parentes e amigos desconfiaram da participação dele. ;Isso começou entre um ano e meio a dois anos atrás, quando sumiram as primeiras cabeças de gado. O Saint-Clair pai chegou a comentar sobre a suspeita dos desvios, mas jamais eles iriam lá para enfrentá-lo;, reforçou.

Dedicados

Um dos primeiros sócios da família, o advogado Luiz Cláudio de Almeida Abreu, 80, mantém relação com os Souto há mais de duas décadas. Para ele, o assassinato foi um crime brutal e gratuito. ;Todo mundo está surpreso. Quando acontece com pessoas tão próximas, é um choque. Eles eram figuras extraordinárias. Dedicados ao trabalho, à família e, como amigos, eram os melhores possíveis;, lembrou.

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