Fazer a maquiagem, vestir o collant, calçar o patins roller e controlar a ansiedade. Será esse o ritual de 140 dançarinos de patinação artística, que, após muito treinamento árduo, sobem hoje ao palco para disputar a 2; etapa do Campeonato Brasiliense de Patinação Artística ; Classe Regional. A competição é formada principalmente por iniciantes, que terão a oportunidade de dançar em público pela primeira vez. É o caso de Sabrina Bastos, 8 anos, que cresceu vendo a irmã, Catarina Bastos, 17, em competições. Agora, a garota terá a própria chance de brilhar no palco.
Sabrina conta que brincava com os patins da irmã mais velha desde que consegue se lembrar. Em março deste ano, decidiu começar a treinar patinação artística, entrando para o time do Holly Dance. ;Estou me divertindo muito. Até o momento, o meu passo favorito é o salto simples. Como ainda estou há pouco tempo treinando, não disputarei medalhas nesta competição, mas poderei me apresentar em público pela primeira vez;, vibra. Já Catarina treina há 11 anos, chegando a disputar competições internacionais. ;Estou ansiosa para ver a minha irmã disputar. Quero vê-la sentindo a adrenalina e o frio na barriga antes de entrar. Quando danço, eu me sinto viva. Sinto o esporte dentro de mim, o nervosismo passa quando piso no palco, e só o que importa é dar o meu melhor;, relata Catarina.
Em 2014, Catarina foi segunda colocada no Campeonato Nacional de Patinação Artística no estilo free dance, no qual, além de patinar e dançar, os atletas têm que mostrar o talento dramático na busca da melhor interpretação possível da música escolhida. Sobre o segredo do sucesso, a dançarina conta que tem um amuleto da sorte: o treinador. ;Ele esteve comigo todas as vezes que competi. Antes de entrar no palco, dou um abraço apertado nele e me sinto pronta para fazer o meu número;, conta.
O treinador é Paulo Fernandes, 50 anos, fundador do Holly Dance e presidente da Federação Brasiliense de Hóquei e Patinação (Febrahpa). Após crescer patinando, Paulo hoje ensina a jovens a arte que o tocou. ;A nossa academia de patinação existe há 20 anos e, de lá para cá, treinamos mais de mil alunos. Hoje, temos no nosso grupo de crianças a adultos. É mágico vê-los crescer e serem mudados pela dança;, conta. Além da Holly Dance, existem em Brasília outros grupos que fazem treinamento de patinação artística, como a Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), o Iate Clube e o Corjesus.
Sem idade ou gênero
A patinação artística é uma atividade para todas as idades. A caçula do grupo, Bruna Demetrio, tem 5 anos, mas não se considera uma novata, se levar em conta os quase 10 meses em que treina. ;Amanhã vai ser a primeira vez que me apresentarei, mas não estou nervosa ainda. Vou fazer meu passo favorito, o aviãozinho, que é quando patino com os braços abertos, como se fossem as asas de um avião;, explica Bruna. Uma das atletas mais velhas do grupo é Ana Luísa Gama, 20 anos, que treina há cinco. ;Compito todo ano. Já cheguei a ganhar o Campeonato Brasiliense várias vezes, e até o nacional. É muito bom continuar aqui e assistir a novos talentos surgirem, como a Bruninha;, afirma Ana.
Atualmente, o único representante masculino da companhia é Maurício de Siqueira, 13. Após dois anos treinando quatro vezes por semana, o jovem já compete internacionalmente. Ele conta que tem um patinador brasileiro como maior ídolo: Marcel Stürmer. ;Ele é minha maior inspiração no esporte. Ainda não sei se quero seguir a carreira profissional, mas, se acontecer, quero ser grande igual a ele;, explica. A especialidade de Maurício é o salto axel. ;Nele, nós damos uma volta e meia no ar, caindo de costas. É um salto que você avança para níveis mais difíceis. Foi um dos primeiros que aprendi, e o executei quando ganhei medalha de ouro na categoria livre do campeonato regional;, conta.
Após passar por um quadro de convulsões quando criança, Renata Coelho, 33 anos, adquiriu problemas na área cognitiva. Na infância, era muito tímida e reservada e, com a chegada da adolescência, sofreu com problemas na autoestima. A mãe, Alzira Almeira, 56, ficou sabendo do grupo de patinação por amigos e decidiu matricular a filha. ;Senti uma melhora enorme nela, após entrar no grupo. Hoje, a Renata interage com todo mundo, tem amigas e se aceita do jeitinho que é. Sou muito agradecida pela minha filha ter conhecido a patinação;, explica. Renata vai se apresentar hoje e está ansiosa. ;Vou apresentar a música tema do filme O Hobbit, ela representa os elfos e os anões, então vou fazer algo em homenagem a eles. Espero que muita gente vá assistir;, convida Renata.
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