Flávia Maia, Otávio Augusto
postado em 21/09/2016 06:00
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Sobraram uma poça rasa de lama, algumas folhas secas e as marcas da água na pilastra da Bacia de Captação de Pipiripau, em Planaltina. A estiagem compromete o abastecimento de 200 mil pessoas na região, distante 55km do Plano Piloto. Na Bacia de Captação do Corguinho, em Sobradinho, a régua de marcação mede 90cm, onde deveria marcar 2,5 metros. A seca dificulta a agricultura e, apesar da chuva registrada ontem, especialistas alertam que a crise hídrica no Distrito Federal está longe do fim. A previsão para o restabelecimento do nível da Barragem do Descoberto ; responsável pelo abastecimento de dois terços da capital ; e de Santa Maria deve ocorrer somente em março de 2017, isso se ocorrerem as chuvas esperadas. O desafio é equilibrar a oferta e o consumo.
Barro vermelho, restos de galhos e muitas pedras ocupam o local em que corriam os mananciais de abastecimento de Planaltina e Sobradinho. O curso da água secou totalmente em alguns pontos. ;Todos os pequenos mananciais são mais sensíveis. Eles são fonte de água para a agricultura e para o abastecimento das cidades. Com a falta de chuva, eles estão se recuperando pouco e estão abaixo do nível normal;, explica Fábio Albernaz, diretor de Suporte da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb). ;A estiagem se prolongou mais do que esperávamos, e a disponibilidade de água diminui;, completa.
Os mais de 23 mil hectares da Bacia do Pipiripau abastecem 591 áreas rurais. Os produtores que irrigam as lavouras com as águas do Ribeirão Pipiripau e do Corguinho enfrentam dificuldades. Wanderley Zimmermann, 62 anos, cortou pela metade a plantação de uva. A safra de tomate caiu de 25 mil pés para 10 mil. ;Sem água, a agricultura não sobrevive. Estou em Brasília desde 1982 e nunca vi uma seca dessas;, lamenta. Ele perfurou um poço artesiano, mas, ainda assim, a oferta está escassa.
O desequilíbrio é sentido na Barragem do Descoberto. O reservatório abastece 70% dos domicílios da capital do país e está em níveis alarmantes. Em 20 de setembro de 2015, a altura do reservatório era de 2,04 metros superior à mesma data deste ano. Com menor volume no aquífero, é possível ver objetos que o leito costuma esconder, como bombas irregulares para captação e uma ponte, que, no passado, ligava Goiás ao DF. O militar Edson Filho, 44, mora em uma chácara próxima à barragem há 15 anos. Esta é a primeira vez que ele vê o reservatório tão vazio. ;A chuva diminuiu e o consumo aumentou, o resultado está aí. Até o poço da chácara está com menos água;, conta.
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