Cidades

Professor pede licença da escola pública após ser denunciado por aluna

No mesmo colégio, educador foi desligadopor engravidar estudante, namorada dele há um ano

Isa Stacciarini, Ailim Cabral
postado em 24/09/2016 06:10

Um professor de português de escola pública da Asa Sul foi afastado da função por ter enviado um vídeo pornográfico para uma aluna. A Secretaria de Educação protocolou, na última quinta-feira, processo administrativo disciplinar contra o docente para apurar desvio de conduta. O educador mandou as imagens para o celular da adolescente, de 16 anos, no domingo. Um dia depois, ela denunciou o caso à direção. Na terça-feira, o servidor esteve no colégio. Em protesto, uma turma se retirou assim que ele entrou na sala de aula.

Apesar de abalada com a repercussão da história, a vítima se sentiu apoiada pelos colegas. No entanto, houve quem defendesse o professor: para alguns, o vídeo foi enviado por engano, uma vez que, logo após a entrega, ele pediu desculpas e alegou ter se confundido. Porém, o Correio teve acesso ao diálogo completo. A conversa dá a entender que o educador insiste em enviar o material à jovem a título de ;desabafo;. Ele justificou que amigos encaminharam o vídeo como se fosse da ex-mulher dele.

Constrangida, a menina salvou as conversas e o denunciou. A família foi chamada pela direção, que comunicou o episódio e o afastamento do professor. Os pais registraram ocorrência na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam) e contrataram um advogado. Também se revoltaram ao saberem que o pedido de licença foi feito pelo docente. ;É um crime sério. Graças a Deus, a minha filha não cedeu ao assédio dele, mas queremos garantir que ele não dê aulas para mais ninguém;, desabafou a mãe.

À reportagem, a adolescente explicou que o professor, de 56 anos, tem o número de celular de diversos alunos por causa de projeto de monitoria. ;Achei estranho quando ele começou a me chamar de linda e coisas assim. Depois, ele me ofereceu biquínis e queria me encontrar em um clube para entregar os presentes;, relatou. Quando ele disse que havia comprado o traje de banho, ela se assustou e sugeriu que o deixasse no colégio. Em seguida, o professor mandou foto de lingerie, além do detalhe de uma mulher seminua, perguntando se poderia acrescentar calcinhas e sutiãs ao pacote.

Por e-mail, a Secretaria de Educação confirmou que o educador pediu licença na quinta-feira, alegando motivos particulares. A reportagem pediu entrevista com a direção do colégio, mas, por meio da assessoria de Comunicação do órgão, os representantes da escola informaram que não se manifestariam.

O caso provoca reflexão sobre os limites entre educadores e alunos nas redes sociais. Para especialistas, as novas tecnologias alteraram a forma tradicional de educação em sala de aula, mas é preciso estabelecer regras e manter o respeito. O professor de aprendizagem colaborativa da Faculdade de Educação da Universidade de Brasília (UnB) Lúcio Teles considera que o aluno não responde só como estudante daquele professor em horário de aula, mas também após o turno. ;O estado de Nova York elaborou um guia para que todos os educadores saibam como lidar com esse novo fenômeno. É necessário, também, que os alunos estejam informados de como devem se comportar (nas redes sociais);, defendeu.

Controvérsia

Outro caso que causou polêmica na mesma escola nesta semana foi o desligamento de um professor do Centro de Iniciação Desportiva (CID), que oferecia aulas de circo em um projeto extracurricular. Ele namora uma aluna de 17 anos há cerca de um ano. O relacionamento é público e consentido pela família dela. A jovem está grávida, e o afastamento ocorreu após o caso se tornar motivo de fofoca.

O docente não tem vínculo efetivo com o GDF. Era colaborador da Secretaria de Educação. Ao Correio, ele considerou a decisão injusta. ;Mantenho um bom relacionamento com a família dela e nunca escondemos o nosso namoro.

Comunicamos à direção a gravidez há cerca de um mês e só agora eles decidiram me desligar;, lamentou. Além de estar preocupado com trabalhos em outros centros de ensino, o educador de 40 anos teme que a repercussão do caso abale a companheira, que ainda frequenta a unidade. ;Apesar de ela e o bebê estarem bem de saúde, ela não quer mais ir para a aula.;

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