Hoje é o aniversário dele. A festa é toda de Ronaldão. Para nós, é uma festa de despedida, está certo. Ainda assim é uma festa. Porque assim ele gostaria e assim ele era. Ronaldo de Oliveira, repórter fotográfico do Correio Braziliense por 21 anos, era a festa em pessoa, a alegria em carne e osso, o retrato de uma humanidade rara. Sua morte, depois de uma corajosa luta contra o câncer, deixa nossa redação e o mundo mais tristes. Mas só de lembrar dele já voltamos a rir. Brincalhão, divertido, solidário, era leve o pai de Bárbara e Ronaldinho.
[SAIBAMAIS]Eu o conheci há 29 anos, tão logo cheguei de Pernambuco com mais sonhos que malas. Mais do que parceiro, ele se tornou amigo. Com ele, também fiz minhas duas primeiras matérias no Correio. A disposição para o trabalho, para ajudar na apuração das reportagens, era tamanha que sair com ele para uma pauta era bênção para qualquer repórter. Além de tudo, tinha um bom humor contagiante, uma risada gostosa que contaminava o ambiente.
Antes mesmo de formar sua família, Ronaldo já era família. A mineirice dele abarcava o papo gostoso com um cafezinho em qualquer esquina, de qualquer lugar. Na casa dos personagens, sentia-se em casa. Tanto que os fotografava com o carinho dos conhecidos. Ele era familiar, tornava-se íntimo das histórias que ouvia. Nunca era invasivo, ostensivo. Sua presença era terna nos momentos mais delicados. As pessoas simplesmente sentiam-se à vontade, conversavam com a câmera dele. Quantas belas fotos, ângulos, luz... Poxa, que falta ele vai fazer!
Com Luzia e os filhos, Ronaldo estava completo. Era perceptível a sua plenitude. E isso sempre foi muitíssimo inspirador para quem partilhava qualquer tempo com ele. Agregador, criava laços facilmente. Generoso, ensinava aos mais novos. Conciliador, não brigava, não verbalizava o negativo, não sucumbia ao desânimo. Nem perto de morrer. Fez que ia e não foi por algumas vezes. Precisou descansar. Renasce hoje nos nossos corações e para uma nova vida. Parabéns pelos 54 anos de existência inspiradora. Simples, humilde, alegre, leve. Como a vida tem que ser.