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Preso por posse ilegal de pistola, Daher guardava outras sete armas em casa

Ele tinha espingardas, carabinas e um revólver devidamente autorizados, mas não tinha documento da pistola modelo Colt .45 de uso restrito

Isa Stacciarini
postado em 07/10/2016 12:34
Ele tinha espingardas, carabinas e um revólver devidamente autorizados, mas não tinha documento da pistola modelo Colt .45 de uso restritoPreso por posse ilegal de arma de fogo, o médico e dono do Hospital Daher, no Lago Sul, guardava outras sete em casa, entre espingardas, carabinas e um revólver. Na casa do cirurgião plástico José Carlos Daher, 71 anos, na QL 8 do Lago Sul, policiais civis encontraram, ao todo, oito armas. Dessas, sete tinham documentação e estavam legalizadas. Mas uma, .45 e de uso restrito, estava irregular. Por esse motivo, ele foi preso, mas a Justiça acatou o pedido dos advogados e determinou a soltura do empresário por causa da idade dele.

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[SAIBAMAIS]O titular da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), Luiz Henrique Sampaio, explicou que o médico não tinha a documentação pistola .45. ;Ele afirmou que ganhou de uma pessoa próxima e não foi feita a transferência formal. Portanto, é uma posse irregular de uma arma de calibre restrito;, esclareceu.

Segundo ele, as outras sete armas tinham características convencionais e nenhuma era de uso restrito. Além disso, só uma estava municiada. ;São armas mais antigas e estavam ali, talvez, por uma característica de coleção. Tinha, muito mais, um apelo emocional. Ocorre que uma delas estava irregular e, apesar de não ser moderna, é uma pistola boa e funcional, adotada pela maioria das forças policiais americanas;, afirmou.
Um dos advogados do médico, Rodrigo Alencastro, explicou que o cirurgião plástico é um colecionador e o interesse dele seria, inclusive, histórico, uma vez que a maioria das armas é antiga, algumas pertenceram ao pai do empresário e outras a integrantes da família. ;Ele tem interesse como colecionador e não costuma utilizá-las. Todas são devidamente registradas no setor competente no Ministério do Exército e a única que não estava com o registro no momento era um presente do ex-sogro na década de 1970 que é militar e a utilizou na carreira;, esclareceu.

Segundo o advogado, a arma irregular possui documentação que não foi localizada. No entanto, ele garantiu que o ex-sogro de Daher, hoje com 97 anos, confirmou o presente. ;Todas as armas passaram por checagem minuciosa dos policiais civis que até elogiaram o cuidado que ele tem com o armazenamento e acondicionamento. O presente do ex-sogro ficou como valor afetivo. Não tinha munição e era uma arma antiga. O dr. Daher nunca utilizou essa arma e, no momento, não apresentamos o documento dela, mas a situação já está até resolvida com a concessão do Habeas Corpus pela Justiça;, destacou.

Alencastro destacou que os defensores do médico ainda não tiveram a íntegra da investigação, mas garantiu que o cirurgião plástico tem todo interesse em colaborar e contribuir para a elucidação do caso. ;Ele condena todo tipo de relação espúria que possa ter havido entre médicos e empresas e vai colaborar para que o esclarecimento ocorra o quanto antes. Inclusive está a inteira responsabilidade das autoridades;, acrescentou.
Entenda o caso
O flagrante aconteceu enquanto policiais civis e promotores cumpriam mandados de busca e apreensão da segunda fase da operação Mister Hyde.

Agentes da Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (Deco) da Polícia Civil fizeram uma devassa no hospital particular na manhã desta quinta-feira (6/10). Segundo levantamento da Promotoria de Justiça Criminal de Defesa dos Usuários de Serviços de Saúde (ProVida), o cirurgião plástico e empresários atuavam nos pagamentos que envolviam órteses e próteses, incluindo propinas. Ele foi preso em casa, no fim da tarde.

O médico foi levado para a Deco, mas liberado poucas horas depois. O esquema contava com a participação de médicos, empresários e vendedores do ramo de órteses, próteses e materiais especiais (OPME). Além do Hospital Daher, o Home, que fica no Sudoeste, também foi alvo da operação Mister Hyde. Integrantes do esquema são suspeitos de usar próteses vencidas ou de baixa qualidade em cirurgia e até de piorar o estado de saúde de pacientes para obrigá-los a pagar pelos produtos.

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