Cidades

Operação Mister Hyde investiga participação de 50 médicos em máfia

Investigação aponta que neurocirurgiões, ortopedistas e cirurgiões buco-maxilo-faciais estão envolvidos em esquema que movimentou R$ 30 milhões com operações desnecessárias

Isa Stacciarini
postado em 08/10/2016 08:00

A segunda fase da Operação Mister Hyde se concentrou no Hospital Daher, no Lago Sul: apuração ampliada


Com 17 pessoas denunciadas à Justiça, promotores do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e policiais civis miram mais profissionais de saúde envolvidos na Máfia das próteses. Há indícios de que mais de 50 especialistas, entre neurocirurgiões, ortopedistas e cirurgiões buco-maxilo-facial, estão envolvidos no esquema de fraude em cirurgias. As suspeitas estão baseadas em denúncias e em algumas evidências que fazem parte da estratégia de investigação. Após a segunda fase da Operação Mister Hyde, quatro possíveis vítimas procuraram a Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco) entre quinta-feira e ontem para prestar depoimentos sobre os procedimentos cirúrgicos feitos no Hospital Daher, no Lago Sul, alvo da ação. A polícia também recebeu uma denúncia anônima.


Os envolvidos na organização que pode ter movimentado R$ 30 milhões participavam do esquema em diversos níveis. Por isso, a responsabilidade de cada um varia conforme a gravidade e o comprometimento na divisão das tarefas. Investigadores garantem que novas fases podem ser desencadeadas. ;Não é mais a ponta do iceberg, porque temos um desenvolvimento razoável, mas a atuação desse esquema ainda não foi esgotada e há expectativa de novas ações. Existem algumas características da atuação desse grupo, com envolvimento de empresas e médicos;, explicou o titular da Deco, Luiz Henrique Sampaio.

Até agora estão identificados quatro grupos, todos eles com a participação de empresas e médicos. No primeiro, estavam profissionais que encaminhavam pacientes para cirurgias desnecessárias. Em outro, especialistas e companhias que trocavam os equipamentos ; no protocolo de operação, por exemplo, eles descreviam o uso de uma prótese ou órtese de um determinado padrão, mas as substituíam por materiais inferiores. No terceiro segmento, havia profissionais que acrescentavam equipamentos para que a cirurgia rendesse mais. E, no último, aparecem as pessoas que agiam na recompensa com o pagamento de propina aos envolvidos.


Entre as fraudes, a Polícia Civil investiga estelionato, crime contra a saúde pública e organização criminosa. ;Prisões são adequadas para médicos e empresários que estão praticando os crimes mais graves, como troca de equipamentos, substituição por inferiores e indicação de cirurgias sem necessidade;, destacou o delegado. Durante a ação no Hospital Daher, na quinta-feira, os investigadores encontraram, ainda, um consultório usado como sala de cirurgia clandestina. Em nota, a unidade de saúde informou estar ;colaborando com as solicitações realizadas;.

Armas

Nas buscas realizadas na casa do dono do Hospital Daher, José Carlos Daher, 71 anos, policiais civis encontraram oito armas, entre espingardas, carabinas e um revólver. Sete delas tinham documentação. Mas uma, modelo Colt 45, de uso restrito, estava em situação irregular. Por esse motivo, o médico e empresário foi preso, mas a Justiça acatou o pedido dos advogados e, na madrugada de ontem, determinou a soltura por causa da idade. O cirurgião plástico não tinha a documentação da pistola, que ganhou de presente do ex-sogro.

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