Jornal Correio Braziliense

Cidades

Professora usa até fantasias para discutir a questão de gênero com alunos

Patricia Pinho Andrade incorpora o papel de grandes figuras femininas para, de forma lúdica, desenvolver o pensamento crítico dos estudantes

Quando Patricia descreve como eram as casas no Paquistão, país de Malala, e as dificuldades que a família da menina passou, as mãos dos alunos vão ao rosto para esconder o medo. ;Isso até hoje é assim?;, questiona um estudante. ;Tia, temos que esconder o computador para o pessoal do Talibã não entrar aqui e destruir tudo;, disse outro, ao descobrir que lá na terra de Malala, as pessoas precisavam enterrar esse tipo de eletrônico para não sofrer nas mãos do movimento radical religioso. Entre uma linha e outra da história, surgem os anos que puxam a turma para um rápido exercício de Matemática. ;Há quantos anos isso aconteceu?;, pergunta a professora. Os meninos e meninas, rapidamente, resolvem a conta e respondem em voz alta.

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No ponto final da narrativa de Malala, Patricia volta a ser professora e divide a turma em grupos para a dinâmica. A partir do que ouviram sobre a menina paquistanesa, os alunos têm que decidir quem criou algumas invenções: o homem ou a mulher. Na lista, estão a maquiagem, o salto alto, o wi-fi, a vassoura, o para-brisa, a geladeira, o colete à prova de balas e a chupeta, entre outros. Em poucos minutos, os estudantes tomam suas decisões. ;Os homens não lavam a louça, por isso a mulher criou a máquina de lavar louça;, conclui Isabella Ferreira, 9. ;Claro que o colete à prova de balas foi um homem;, afirma, com segurança, Maycoln Rodrigues Mendes, 9.

Concluídas as escolhas, chega a hora de saber o grupo ganhador. ;Vamos ver, quem inventou o salto alto?;, pergunta Patricia. ;A mulher;, grita a maioria dos alunos. ;Não;, diz a professora. ;Foi um homem.; E logo a cara de surpresa e espanto toma conta dos meninos e meninas. A cada invenção, eles começam a ver que as certezas que tinham não eram absolutas, começam a desconstruir padrões e a mudar as decisões. ;Generalizar é uma atitude humana, mas acreditar que isso é uma verdade absoluta gera um preconceito. A oficina de hoje quebra essas generalizações que eles trazem da cultura, que basicamente diz que lugar de mulher é em casa e o outro é o espaço do homem.; Quando os estudantes percebem que utensílios do universo feminino foram criados por homens, e vice-versa, a professora ressalta que é preciso ter cuidado com os padrões repetitivos. É quando entra o sutiã.

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