Flávia Maia
postado em 12/10/2016 07:00
Os principais mananciais de abastecimento do Distrito Federal ; a Barragem do Descoberto e a represa de Santa Maria ; atingiram os menores níveis desde o início da série histórica, que começou há 28 anos. No primeiro, o volume está em 30,25%, e, no segundo, 45,64%. A situação acendeu o alerta, e a estimativa é de que a Tarifa de Contingência, que aumentará a conta de água em até 40%, comece a vigorar em 15 dias. A perspectiva é de que os reservatórios comecem a se recompor somente a partir de dezembro, se as chuvas vierem conforme o previsto.
[SAIBAMAIS]Segundo cálculos da Agência Reguladora de Águas do DF (Adasa), a Barragem do Descoberto perde 0,4% de volume ao dia. Dessa forma, se não chover o suficiente e o consumo não cair, em duas semanas, o nível deve chegar a 25%, índice estabelecido pela resolução da Adasa para início do acréscimo no boleto mensal enviado ao consumidor. As normas da cobrança adicional foram publicadas na segunda-feira no Diário Oficial do DF. O adicional será cobrado para as residências que ultrapassarem o consumo de 10 mil litros por mês. ;Os 40% serão cobrados sobre o valor da água. Como a fatura é composta metade por água, metade por saneamento básico, o impacto no bolso do consumidor será de 20% na fatura total;, explica o coordenador de Estudos Econômicos da Adasa, Cássio Leandro Cossenzo.
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O valor adicional arrecadado pela Companhia de Saneamento Ambiental do DF (Caesb) será destinado a uma conta, e a quantia só poderá ser usada para investimentos ou custos relacionados à crise hídrica. ;A Tarifa de Contingência será separada para melhorias no sistema, como redução das perdas de água e de outras fontes de captação, como estamos fazendo no Bananal. O dinheiro não pode ser usado para custeio da empresa;, atesta o presidente da Caesb, Maurício Luduvice.
O acréscimo na conta de água devido à escassez é previsto na lei federal do Saneamento Básico. Estados como São Paulo e Ceará fizeram uso do dispositivo. O objetivo é forçar a redução do consumo. No DF, o volume do uso de água cresce a cada ano, assim como o consumo per capita. Em seis anos, 25 bilhões de litros passaram a ser consumidos a mais ; em 2010, foram 158 bilhões, e a previsão da Caesb para 2016 é de 183 bilhões.
Dessa forma, o crescimento populacional e o aumento de consumo por pessoa reforçam o quadro crítico provocado pela estiagem. Informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) apontam que, até outubro, 2016 ainda não pode ser considerado o ano mais crítico de chuvas da década. De acordo com a meteorologista Morgana Almeida, o reflexo da escassez atual está relacionado à forte seca de 2015, quando houve queda de 19% na quantidade de chuvas. ;O El Niño, que deixou as temperaturas mais altas e diminuiu as chuvas no ano passado, não está influenciando 2016. Em outubro de 2015, nos primeiros 10 dias, as temperaturas estavam acima de 32;C, o que não está acontecendo agora;, detalha.
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