Cidades

Show beneficente arrecada fundos para reforma de postos de segurança

Espaços servirão como salas para aulas práticas da instituição

Pedro Azevedo Silva - Especial para o Correio
postado em 13/10/2016 06:05

Julia Ribeiro (E), Vinicius Corducci, Emanuel Paiva e Paulo Chaves (à frente): melhorias estruturais necessárias para os estudos


A comunidade da Escola de Música de Brasília (EMB) ganhou um novo efetivo de salas de aulas: vinte postos comunitários de segurança que foram desativados pela Polícia Militar serão transformados em espaços para os estudantes. Já se encontram no terreno da instituição 15 unidades. Como a maioria chegou ao local depredada, com sinais de ferrugem e com pichações, no próximo domingo um show beneficente arrecadará fundos para garantir os reparos necessários.

Desde que o primeiro postinho deixou o Colorado, em 22 de agosto, os recursos para transporte, instalação e manutenção das cabines têm sido arcados de maneira colaborativa, segundo o professor de iluminação cênica Aldo Bellingrodt. ;Uma aluna minha, que é arquiteta, e outro estudante, técnico em eletricidade, vêm auxiliando. Um engenheiro também está fazendo assessoramento técnico;, conta. Embora haja módulos em bom estado de conservação, alguns são apenas a carcaça ; ventiladores, armários, balcões e interruptores foram levados. Outros nem sequer têm portas ou janelas.

Aos poucos, professores e estudantes encontram soluções para deixar as salas prontas. Vasos de flores enfeitam o interior de alguns postos e plantas foram colocadas ao redor da estrutura. ;A EMB não teria condições financeiras de fazer os reparos que precisamos realizar, mas temos o empenho da comunidade escolar, que tira dinheiro do próprio bolso para fazer acontecer;, afirma Bellingrodt.

O próximo passo será promover um show beneficente, idealizado pela ex-aluna de piano Yrian Mota. ;Se hoje estou matriculada em uma faculdade de música em outro país, devo isso à EMB. Pensei que alguém precisava organizar um show, mesmo que a arrecadação desse apenas para resolver alguns poucos problemas;, relata Yrian, que é bolsista na Juilliard School, em Nova York, onde cursa bacharelado em trilhas sonoras e piano jazz. Seis apresentações com artistas locais ocorrerão no evento, com jazz, choro, canções populares de capoeira e música instrumental autoral.

Patrimônio público
A ideia de transformar os postos desativados da PM em salas de aula foi da professora de canto erudito Denise Tavares. O Governo do Distrito Federal (GDF) transferiu os módulos para a Secretaria de Educação do DF (SEDF), que os repassou, sem custos, à EMB. De acordo com Denise, no entanto, as 84 salas da escola não são suficientes para atender os 2.690 alunos matriculados, que estudam pela manhã, à tarde e à noite. ;No período vespertino, há aulas ocorrendo próximo aos banheiros, e mesmo salas administrativas são usadas para dar aula;, relata (leia Memória).

O estudante de contrabaixo acústico Vinicius Corducci, 25 anos, costuma estudar em um dos corredores. ;Fica um forno ali. Já no jardim do bloco de cordas, vou me movendo conforme a sombra. O clima muda bastante as condições de execução do instrumento;, afirma. Os alunos de violão popular Emanuel Paiva, 18, e Paulo Chaves, 24, também encontra meios alternativos para os estudos. ;Às vezes, lota de gente estudando no corredor principal, e sigo para debaixo de árvores. Mas acontece de já ter gente nas árvores também;, conta Emanuel. Aluna de oboé, Julia Ribeiro, 15, busca nos gramados um local de concentração. ;O oboé faz muito barulho, e tem gente estudando teoria. Vai ser bom ter um ambiente para praticar sem ter de me preocupar em não atrapalhar outras pessoas;, disse.

Como verbas suficientes para a reestruturação da EMB nunca foram repassadas, a professora Denise enxerga nos postinhos uma grande vitória. ;A dimensão deles é de 24m;, enquanto a maioria das nossas salas tem 9m;. Eles têm uma camada de isopor de 15cm que proporciona isolamento acústico e térmico. Com esses 20 postos, aumentaremos em 24% o número de salas de aula da escola;, comemora.

Os postos comunitários de segurança começaram a ser inaugurados em 2008 e, hoje, menos da metade das 131 unidades estão em funcionamento. Em junho de 2015, o comando da PM anunciou o fechamento de 60 postos, com a justificativa de não haver efetivo suficiente para colocar nas unidades restantes. A PM informou que está sendo feita uma reavaliação dos postos restantes e que vão permanecer somente algumas unidades, consideradas estratégicas para a corporação. ;Todos os postos que apresentem bom desempenho e atendam de forma satisfatória, constituindo-se em ponto de referência policial para a comunidade, serão mantidos. Os demais, serão substituídos por viaturas, o que garante maior agilidade por parte do policial e rapidez no atendimento de ocorrências;, diz a nota.

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