postado em 19/11/2016 08:00
As denúncias de crimes raciais no Distrito Federal aumentaram 25% neste ano. Foram 118 casos ajuizados, contra 94 em 2015. Os dados são do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A Secretaria da Segurança Pública e da Paz Social (SSP-DF) tem números ainda maiores: 341 pessoas registraram ocorrências desse tipo em 2016, contra 296 no ano passado. A análise feita pelos órgãos é de que o aumento pode estar relacionado à maior disposição da população para denunciar.
Marco Antônio de Almeida, 19 anos, foi uma das vítimas de injúria racial em Brasília. Em agosto deste ano, o jovem registrou uma ocorrência contra um subgerente do órgão em que estagia. Na ocasião, o estudante de gestão pública foi chamado de chimpanzé pelo superior. ;O mais difícil disso tudo foi que, após eu expor a situação, algumas pessoas também me ofenderam de uma forma que eu não esperava, como se eu estivesse tirando algum proveito da situação. Eu nunca tinha passado por algo igual. Tudo isso me fez ver que o preconceito atinge a todos, independentemente da classe financeira.;
De acordo com o Ministério Público, das 118 ocorrências de 2016, apenas seis são por crime de racismo. Os demais foram tipificados como injúria racial (Leia O que diz a lei). Na visão do coordenador do Núcleo de Enfrentamento à Discriminação do órgão, Thiago Pierobom, o que se percebe é uma consciência social maior, que influencia o crescimento das denúncias. ;Percebemos uma predisposição maior das pessoas em comunicar os fatos. A população está tomando ciência que não se pode aturar esse tipo de comportamento racista ou discriminatório.;
O promotor ressalta também que é importante as pessoas não deixarem de denunciar qualquer situação. ;Se estiver em algum estabelecimento, é essencial chamar a segurança do local e a Polícia Militar para fazer a prisão em flagrante do agressor. É importante anotar os contatos de testemunhas para contribuírem no processo e não deixar de fazer ocorrência na delegacia;, afirma. Em casos de crimes no ambiente virtual, Pierobom orienta a vítima a imprimir e arquivar a página onde foi postada a ofensa e guardar os prints e links das páginas e o perfil do autor.