Jornal Correio Braziliense

Cidades

Mães que acompanham os filhos na UTI infantil vivem em compasso de espera

Para compensar as dores, partilhar a solidão e conseguir uma renda extra


Equilibrar os sentimentos é desafio constante. Entre terça e quinta-feira, Luiz Eduardo, 9 anos, sofreu um revés. Ele voltaria para casa, mas seu quadro clínico piorou. O menino carrega sequelas irreversíveis de um afogamento aos 2 anos de idade. Juliana da Silva de Aquino, 27, mãe de Luiz, está arrasada. Ela disfarça. Entretanto, o cansaço da viagem de mais de três horas de ônibus entre Sobradinho e Santa Maria, cidades distantes 50km uma da outra, não dá trégua. ;Essa é a segunda internação desde novembro do ano passado. Não sei o que será de mim se o pior acontecer;, lamenta, ao engolir o choro.

Ana, a personagem do início desta reportagem, e Liliane Nunes, 29, são as mães que há mais tempo acompanham os filhos na UTI pediátrica. Juntas, recolhem-se em suas novenas. ;Quero levar a Isabelly para casa. Estou cansada. Mesmo com o carinho da equipe e o apoio das outras mães, chega-se a um ponto em que não se tem de onde tirar mais força;, desabafa Ana, a mãe da menina de 6 anos que tem sequelas da falta de oxigenação no cérebro. Liliane emenda: ;Dói demais voltar para casa e deixar metade de mim aqui.; João Lucas, seu filho, tem problemas cerebrais e cardíacos. Na última quinta-feira, ela conversava com o bebê de 1 ano que jamais deixou o hospital.

Tragar a dor de boca calada. Assim Lizete Souza, 16 anos, enfrenta a internação de Ruan, de 5 meses. A síndrome que acomete o bebê ainda não teve o diagnóstico fechado. A jovem largou os estudos e passou a peregrinar de Samambaia a Santa Maria duas vezes por semana. ;Não se tem muito o que dizer. Só posso esperar;, pontua. Esperar é um martírio a conta-gotas. Comumente, Lizete fica introspectiva e distante das outras mães.

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