Jornal Correio Braziliense

Cidades

Moradores do Plano têm boa qualidade de vida, mas vivem queda na renda

Embora o rendimento familiar continue um dos mais altos do DF, ele caiu R$ 1,5 mil em três anos



A maioria da população é adulta e está na faixa etária entre 25 e 59 anos. 63,04% são imigrantes vindos, em boa parte, da região Sudeste. Ainda são poucos os nascidos na capital da República (36,96%). Na região vivem 220.393 pessoas, um crescimento de 0,6% em relação a 2013, data da última pesquisa.

A pesquisa mostrou também que a região é privilegiada em relação à renda, à educação e ao acesso a serviços. As famílias do Plano vivem, em média, com R$ 13,4 mil mensais, o que corresponde a 15,33 salários-mínimos, embora menor do que pesquisas anteriores, é uma das mais altas do DF. A renda per capita teve leve queda de 1,3%, passou de R$ 5,638,32 para R$ 5.569,46.

"A queda na renda não foi observada apenas no Plano Piloto, ela aconteceu em praticamente todas as regiões administrativas. No ano passado, a inflação foi muito alta e isso acabou provocando uma queda real na renda de muitas famílias. Um outro fator que pode ter contribuído é a redução do número de pessoas por residência que, mesmo sendo suave, pode representar uma renda que, talvez, tenha deixado de fazer parte do orçamento da família, porque quando se olha a renda per capita, ela não caiu tanto quanto a familiar. A pesquisa observou, também, que a população de renda mais alta teve ganhos mesmo apesar da crise", analisa Bruno de Oliveira Cruz, diretor de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan.

Renda

A renda confortável está relacionada à escolaridade - 45,85% têm ensino superior - e às ocupações - serviço público na administração federal e no comércio. A renda acima da média permite às famílias acesso a bens e serviços, como internet, TV por assinatura e imóvel quitado. Segundo o levantamento, 89,46% acessam a internet e 52,11% moram em imóveis próprios, sem financiamento pendente.

A alta renda faz com o acesso ao carro seja maior e 78,52% usam esse meio para se transportar. A maioria da população se declara branca (67,79%) e católica (60,99%). O engajamento social é pequeno, apenas 6,08% participam de sindicatos, grêmios ou associações.

Índice de Gini

O índice de Gini - utilizado para medir a desigualdade - subiu em relação aos anos anteriores, ficando em 0,428, contra 0,389 (quanto mais perto de um, mais desigual). A gerente de pesquisas socioeconômicas, Iraci Peixoto, atribui a ocupação do novo bairro do Noroeste e ao Centro de Atividades (CA) do Lago Norte para a elevação do índice. "Quando lançaram o Noroeste, o metro quadrado tinha um preço bastante elevado, então pessoas com renda muito alta são as que moram lá atualmente. Já o Lago Norte é uma região muito desigual. Como é uma região tradicionalmente de alta renda, a ocupação do CA levou para lá muita gente com renda menor e isso contribuiu para a elevação do índice", avalia.

Pesquisa

O Plano Piloto possui 83,3 mil domicílios e para ter representatividade, foi calculada, nesta região administrativa, uma amostra de 2.200 domicílios, que foram pesquisados entre julho e setembro de 2016.

A região é composta pela Asa Norte, Asa Sul, Estação Rodoviária, Setores de Oficinas, Armazenagem e Abastecimento, Indústrias Gráficas, Embaixadas Norte e Sul, Militar Urbano, Clubes, entre outros. Inclui ainda Parque Sarah Kubitscheck (Parque da Cidade); Área de Camping; Eixo Monumental; Esplanada dos Ministérios; as Vilas: Planalto, Telebrasília e Weslian Roriz e o Setor Noroeste.