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Morre aos 82 anos o ex-senador e pioneiro de Brasília Lindberg Aziz Cury

O empresário, cuja história se confunde com a da cidade, teve uma parada cardíaca. Ele deixa a mulher, Marta, quatro filhos e oito netos

Humberto Rezende
postado em 02/12/2016 15:29
Descendente de libaneses nascido em Anápolis (GO), Cury mudou-se para Brasília em 1959
Ex-senador e pioneiro de Brasília Lindberg Aziz Cury morreu na tarde desta sexta-feira (2/12), aos 82 anos, vítima de parada cardíaca. Empresário cuja história se confunde com a da cidade, Cury deixa a mulher, Marta, quatro filhos e oito netos. "Um indivíduo de caráter, honesto, amigo. Sempre interlocutou pelos dois lados da moeda. A cidade deve muito a ele, assim como nós", disse ao Correio a filha, Glenda. O velório será na Igreja Presbiteriana, na 313/314 Sul, às 9h, neste sábado (3/12). Haverá ainda um culto, às 15h, e o sepultamento será no Cemitério Campo da Esperança, às 17h.
Cury se sentiu mal na terça-feira (29), quando foi levado ao Hospital Santa Helena. Sofreu duas paradas cardíacas e, socorrido, ficou internado na UTI. Na quinta-feira, a família foi avisada sobre a piora de seu estado e, na sexta de manhã, a morte cerebral foi constatada. O óbito foi confirmado horas depois.
Descendente de libaneses nascido em Anápolis (GO), Cury mudou-se para Brasília em 1959, depois de terminar o curso de direito em Goiânia. Na capital, criou a revendedora de veículos Planalto Automóveis, durante muitos anos a maior revendedora Ford da cidade, localizada na W3 Norte.
Ele ajudou a consolidar a Associação Comercial do Distrito Federal, criada em 1957, entidade que presidiu durante 17 anos e a qual utilizou para defender importantes causas para Brasília. Foi defensor das eleições diretas de 1982, tendo organizado o que é conhecido como o primeiro comício de Brasília, que contou com a presença de lideranças políticas nacionais, entre elas, Leonel Brizola e Lula.
O empresário durante reunião da Associação Comercial do DF, a qual presidiu por 17 anos

Anos mais tarde, o empresário contava, rindo, que, por causa da iniciativa, foi chamado de "comunista" à época. "Ele sempre foi muito bem humorado e brincalhão", lembrou a mulher, Marta. Apesar das críticas, o engajamento da ACDF presidida por Cury ajudou a consolidar o direito dos brasilienses de elegerem um governador e fortaleceu a ideia de uma Câmara Legislativa própria, o que também acabou acontecendo.
O mandato de senador, pelo PL, foi exercido entre 2001 e 2003. Segundo o escritor e amigo da família Amador de Arimathea, autor de uma biografia sobre Cury, o principal feito do empresário no Senado foi ter trabalhado pela criação do Fundo Constitucional para o Distrito Federal, hoje uma fundamental fonte de renda para garantir o funcionamento do GDF.
Além disso, Cury foi fundador e primeiro presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Automóveis, Peças e Acessórios e secretário de Desenvolvimento Econômico do DF. Por sua trajetória, recebeu diversas homenagens da classe empresarial da cidade, incluindo o título de Mercador Candango, dado pela Fecomércio, e o prêmio Mérito Senac.

Cury no Senado, quando tomou posse depois da renúncia de José Roberto Arruda
Em nota, o governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, lamentou o falecimento de Cury. ;Lindberg era um homem de bem, conciliador e profundamente comprometido com o desenvolvimento econômico e com Brasília. Sentiremos muito a sua falta, especialmente em um momento de grandes desafios para nossa cidade e para nosso país;, lamentou o chefe do executivo local. Em homenagem ao ex-senador, será decretado luto oficial de três dias.

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