Cidades

Banca da Conceição, na 308 Sul, completa um ano neste sábado

Celebração terá palestra e música, galinhada e inauguração de arte na fachada. Será a partir das 10h

postado em 08/12/2016 18:55
Desde que foi inaugurada, a banca tem nova cara e Oscar Niemeyer recebe os visitantes
No próximo sábado (10/12), a jornalista e jornaleira Conceição Freitas, 58 anos, comemora o aniversário de um ano da Banca da Conceição, a banquinha do toldo laranja e do mapa azulado que fica logo na entrada da 308 Sul. ;É uma sensação boa. Acalmei o coração, consolidei a banca e a minha relação com ela. Uma amiga me disse recentemente que nem que eu queira sair de lá eu tenho como. E é verdade, mas não de uma forma aprisionada. Estou comprometida com o modo legal de intervir no mundo;, declara.
Durante mais de 20 anos, ela desvendou Brasília nos eixos, nas tesourinhas e nas origens de Lucio Costa e Juscelino Kubitschek. Em crônicas e reportagens, foi além do Plano Piloto e revelou as peculiaridades das cidades do DF. No entanto, no último ano, descobriu o universo por trás de uma banca de apenas 23 metros quadrados. Descobertas pessoais, sobre a capital, sobre o mundo e sobre as pessoas. Tudo isso escondido em prateleiras de livros e produtos inspirados em Brasília.
Conceição transformou a cara das tradicionais bancas das superquadras da capital. Colocou Lucio Costa e Oscar Niemeyer para receber os clientes, reuniu diferentes tipos de publicações sobre a capital desde infantis a estudos, disponibilizou produtos inspirados nos traços da cidade e promoveu encontros culturais sobre cinema, música, poesia, entre outros. A banquinha virou lugar de encontro.
Neste sábado, os livros dão lugar aos balões e vai ter festa. A programação começa logo às 10h, com um bate-papo com o fotógrafo Luís Humberto. Ele dará início a uma série: Brasília que inventamos. Na conversa, que será gravada e vai virar programa em uma rede social, também estarão presentes Luiz Philippe Torelly, Zuleika de Souza e Conceição Freitas. Como toda comemoração, os convidados poderão abusar dos passos de dança ao som de João Meia Boca e seu saxofone e da cantora e moradora da quadra, Guili. ;À capela;, garante Conceição.

À tarde, o bandonilista Ian Coury fará uma apresentação antes de partir para uma temporada nos Estados Unidos. Para manter todos animados e cheios de energia, a jornalista promete uma galinhada com ou sem pequi, dependendo do gosto do freguês. ;Fui buscar pequi só a poupa para que ninguém corra o risco de ir para o hospital depois de morder o caroço;, brinca. E para deixar a banca ainda mais colorida e com a cara de Brasília, o artista Gerson de Castro vai inaugurar um painel em uma das fachadas do espaço. ;Ele tem uma tela com a paisagem dos barracos da Vila Planalto do começo da capital, para fazer um contraponto com a superquadra. A pré-história da moradia em Brasília;, conta Conceição.

Como todo desafio, abrir o negócio exigiu esforço e dedicação de quem não estava acostumada com o vocabulário do empreendedorismo. ;Foi um ano de muito suor, muitas surpresas, muitas descobertas sobre mim, sobre Brasília, sobre o mundo e as pessoas. Aprendi que sei lidar com gente numa boa. Achava que tinha dificuldade, mas gente é muito melhor do que a gente imagina. Quando vamos de coração aberto, recebemos de coração aberto;, comenta. Conceição se entregou ao projeto.

O espaço de 23 metros quadrados ampliou o olhar da jornalista. Mais conhecidos, mais aprendizado, mais vivências, mais Brasília. Vivendo dentro da mais completa superquadra do Plano Piloto, Conceição percebeu que estava em um paraíso deserto. ;Lamento que as superquadras sejam tão belas e pouco aproveitadas pelos seus moradores. Não sei se o erro está no projeto, se Lucio projetou algo para algo melhor que somos ou se a cidade não soube aproveitar;, avalia.

Candanguices

O que começou pequeno, cresceu. De 100 títulos, hoje a banca disponibiliza 400, uma verdadeira livraria especializada em Brasília. Além de livros de escritores brasilienses e mais de 100 produtos inspirados na capital. Em 2016, da 308 Sul a banquinha sobrevoou a Asa Sul e estacionou na III Bienal Brasil do Livro e da Leitura no Estádio Mané Guarrincha, outra nova experiência para a jornalista. Também abriu um site para vendas on-line e para Conceição respirar as palavras que sempre lhe acompanharam em crônicas, contos e reportagens.

Como repórter, curiosa e observadora, Conceição sente saudades das cores e histórias que encontrava nas cidades-satélites e na zona rural de Brasília. Mas, já estabeleceu como plano para 2017 reviver essa nostalgia em novos projetos. ;O primeiro projeto para 2017, como todo brasileiro um pouco lúcido, é atravessar o ano terrível que vem pela frente, como jornalista, jornaleira e como pessoa;, avalia, sempre com um tom crítico, porém, delicado. Para a banca de toldo laranja da 308 Sul, a jornalista pretende estabelecer raízes mais profundas e fortes, como as árvores do Cerrado. ;Quero consolidar a banca com projetos culturais que reforcem a ideia de Brasília e recuperem a memória da capital;, conta.



Programação:
Às 10h: bate-papo com o fotógrafo Luís Humberto, Luiz Philippe Torelly, Zuleika de Souza e Conceição Freitas
Inauguração da fachada com o artista Gerson de Castro
12h - galinhada com ou sem pequi
Ian Coury, o bandonilista prodígio, João Meia Boca e seu saxofone e a cantora Guili

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