Cidades

Brasilienses recorrem a financiamento coletivo para realizar sonhos

Em apenas um site especializado, há 160 campanhas de Brasília. Seguimento cresce a cada ano, mas é preciso cuidado

Otávio Augusto
postado em 12/12/2016 06:00

A pedagoga Darlana Godoi conta com ajuda para custear o tratamento da Leucemia Linfocítica Crônica: remédio custa R$ 40 mil por mês

O engajamento na internet para ajudar projetos, pessoas e iniciativas é tão grande que plataformas de financiamento coletivo direcionadas exclusivamente ao mercado ganham cada vez mais usuários. É o chamado crowdfunding. Em média, 42,2% das pessoas conseguem atingir a meta de arrecadação e executar os planos. Em uma busca rápida em um único site, o Correio encontrou 160 campanhas de Brasília que buscam algum tipo de ajuda. Os objetivos são os mais variados. Ao menos três moradores da capital precisam da solidariedade de uma gente que não conhece.

A pedagoga Darlana Godoi, 40 anos, sequer conhecia o conceito de financiamento coletivo quando descobriu um câncer raro, há nove meses. Para custear o tratamento da Leucemia Linfocítica Crônica (LLC), que chega a R$ 40 mil mensais, ela criou uma campanha na internet. ;A despesa não cabe no bolso. Muita coisa o plano de saúde não cobre, mas parar e ficar chorando não adianta. O financiamento tem ajudado muito com as despesas dos medicamentos auxiliares;, conta a moradora de Taguatinga. O objetivo é arrecadar R$ 18 mil. Até o momento, ela conseguiu R$ 3,4 mil. ;O dinheiro chega aos poucos, e é importantíssimo;, frisa. Ela teve de deixar o emprego por causa da LCC.

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[SAIBAMAIS]Os dados locais sobre o financiamento coletivo ainda são escassos. A pesquisa Retrato do Financiamento Coletivo no Brasil, publicada em 2014, traçou um perfil das contribuições no país, baseado em um questionário respondido por 3,3 mil pessoas (veja Panorama). O Centro-Oeste é responsável por 7% do total de doações ; o último lugar no ranking nacional. Os números não desapontam o Instituto Reciclando Sons, na Estrutural. A entidade quer ampliar o trabalho de resgate social. ;Nossa intenção não é apenas ter um espaço, mas um local com estrutura capaz de revelar e exportar talentos da música clássica;, ressalta a musicista e coordenadora do instituto, Rejane Pacheco.

Na entidade, crianças e adolescentes de baixa renda têm aulas de violino, viola, violoncelo, voz e teoria musical. Ela quer arrecadar R$ 70 mil para a construção de uma nova sede. O objetivo é ampliar para seis salas, um mezanino e uma área de convivência. Essa é a segunda vez que o Instituto Reciclando Sons aposta no financiamento coletivo. O terreno para a edificação também foi angariado com parceiros. ;Ainda não arrecadamos muito. Estamos nos esforçando para tirar a obra do papel. Mesmo quem doa pouco ajuda;, explica Rejane. A campanha começou há menos de uma semana.

Um grupo de protetores de animais também confia no espírito de cooperação coletiva. A ideia é custear o tratamento de uma cadela abandonada. Anita, como é chamada, tem câncer e corre o risco de ter um dedo amputado ; resquícios da época em que sofria maus-tratos. Ao todo, o tratamento custará R$ 3 mil. ;Precisamos da ajuda para pagar a conta do hospital e garantir que a Anita se recupere e possa ser adotada por uma família;, conta Clara Shiratori, coordenadora da Cãominhada, uma iniciativa de defesa dos animais. Anita necessitou de internação, além de sessões de quimioterapia. No ano passado, o grupo conseguiu R$ 15 mil para o tratamento de um outro cão que sofreu com desmazelo dos donos.

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