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Pesquisa prevê aumento nas vendas, mas comerciantes não seguem o otimismo

Período do Natal deve trazer aumento de até 15%, segundo Câmara dos Dirigentes Lojistas, mas nas lojas o sentimento é de cautela

Pesquisa feita pela Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL-DF) mostra que a expectativa dos comerciantes é de um aumento de até 15% nas vendas entre 13 e 23 de dezembro. A projeção é que, mesmo com o período econômico difícil, o Natal impulsione do comércio neste fim de ano, como sempre acontece. Nas ruas, no entanto, o clima é de cautela com relação ao balanço das vendas na data festiva.

;Foi um ano difícil para nós, empresários, mas esse Natal trará um bom ganho;, afirma o presidente da CDL-DF, Álvaro Silveira Junior. A instituição ouviu cerca de 300 empresários que acreditam que as vendas devem crescer como reflexo da programação de compras para o Natal. ;Em 2016, prevemos um aumento para as vendas de Natal em torno de 5%, em comparação com o resultado observado no ano anterior;, afirmou o presidente da CDL.
O ticket médio para gastos com os presentes, segundo a pesquisa, é de R$ 110. "No ano passado, as pessoas estavam assustadas com a crise e as vendas caíram muito. Agora, o consumidor está com as contas mais equilibradas. De qualquer forma, vemos hoje um consumidor mais moderado, mais consciente e menos consumista. É uma nova fase que os comerciantes deverão se adequar", avalia Álvaro Silveira Júnior.

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O sentimento nas ruas é diferente do que mostra a pesquisa. ;Há dois anos não decoramos a nossa quadra por causa da crise financeira e do desânimo;, conta Denise Soares do Amaral, gerente de uma loja de perfumes da comercial da 306 Sul. A rua sempre foi conhecida em Brasília como uma das mais decoradas para as festas de fim de ano. ;Isso dificulta ainda mais as vendas. O consumidor nem sabe que estamos abertos aos domingos, porque não tivemos recursos para fazer a propaganda. Isso faz com que as vendas sejam ainda mais fracas;, detalha.

No mesmo clima de desânimo está Kerley Cristina Alves, comerciante de 41 anos de uma loja de roupas para crianças. ;O ano todo foi ruim e não está melhor agora no Natal. A gente nunca perde as esperanças de que melhore, mas a verdade é que está bem fraco;, contou.

A empresária Camila da Silva é mais otimista. ;Ano passado foi um bom ano para a gente. Esperamos vender mais este ano. Estamos procurando estimular o consumo oferecendo brindes para os clientes e kits com valores mais atrativos;, afirmou. De acordo com a comerciante, os consumidores têm gasto, em média, entre R$ 100 e R$ 200 por compra. ;O nosso consumidor tem um poder aquisitivo mais alto, acho que por isso não sentimos tanto a retração;, afirma.

;Sentimos que as pessoas estão sim voltando a comprar, mas já observamos que esse será o ;Natal das lembrancinhas;. O consumidor não deixará de presentear, mas o presente é de valor menor, apenas uma lembrancinha;, descreveu Nathalia Correa, comerciante de uma loja de sapatos na Asa Sul. ;O ano passado foi ruim e, por enquanto, este ano está igual. Mas agora, com a proximidade das festas, esperamos ver um aumento nas vendas da ordem de 15%;, calcula o sócio de Nathalia, Victor Mattos.


Compras reduzidas

Se as opiniões andam divididas entre os comerciantes, do lado dos consumidores a resposta para a pergunta sobre as compras de Natal está na ponta da língua: o dinheiro está contado e as compras serão reduzidas. Para a administradora Carla Moraes de Azevedo, 43 anos, só vai ter presente para o sorteado do amigo oculto. ;Não vi nenhuma melhora do ano passado para cá. Está tudo a mesma coisa. Por isso, optamos por não gastar;, diz.

Esaa é a mesma opinião da dona de casa Mirtes Guimarães, 71 anos. ;Antes, eu comprava presente para os afilhados, sobrinhos, amigos e outros. Agora, é só para filhos e netos, e olhe lá. Só porque é Natal. A situação financeira do país está muito ruim e temos que economizar."