O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) apura indícios de que médicos tenham fraudado receitas também durante as últimas eleições na capital federal, em 2014. As investigações apontam que candidatos distribuíram medicamentos com a mesma técnica usada nos esquemas de atestados adulterados: falsificando receitas com o apoio de médicos.
[SAIBAMAIS]Nesta terça-feira (20) a Polícia Civil e o MPDFT deflagraram a segunda fase da Operação Trackcare, que investiga fraude em atestados e receitas na Secretaria de Saúde. Dois médicos foram levados coercitivamente à Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública (Decap). Os profissionais estão lotados em São Sebastião.
Segundo o promotor de Defesa dos Usuários dos Serviços de Saúde (Pró-vida), Maurício Miranda, candidatos usaram recursos públicos para angariar votos no último pleito. Parte da investigação está em sigilo. Existe a possibilidade do envolvimento de candidatos que chegaram a ser eleitos. O Correio apurou que as primeiras pistas da investigação estão ligadas a servidores específicos que apoiaram candidaturas ou trabalharam como cabos eleitorais.
Na edição de 9 de dezembro o Correio revelou, em reportagem exclusiva, que médicos estavam trocando atestados para burlar a escala dos hospitais públicos e trabalharem na rede privada. Um dia depois da publicação, o MPDFT deflagrou a primeira fase da Operação Trackcare. Na época, dois servidores do prestaram depoimento.
As buscas e apreensões aconteceram no Cruzeiro, no Sudoeste e no Centro de Saúde N; 3 do Guará. A Corregedoria da Saúde acredita que até 40% dos 2,5 atestados apresentados entre junho de 2015 e setembro deste ano podem ser fraudulentos.
Há casos como o de um casal de cardiologistas que atendem no Hospital Regional do Gama (HRG) quando um tira férias, o outro, no mesmo período, entra com o afastamento. Um neuropediatra está há mais 280 dias sem trabalhar na rede pública e, segundo a apuração da Corregedoria, atende regularmente numa clínica em Águas Claras. E uma pediatra que deveria trabalhar 60 horas semanais no DF, mas mora no Rio de Janeiro.