postado em 02/01/2017 11:08
O brasiliense desembolsa mais para utilizar o transporte público do Distrito Federal a partir de hoje. Os reajustes de até 25% em passagens de ônibus e do metrô, anunciados na última sexta-feira, afetam mais de 1,1 milhão de pessoas. Dois dias depois, a medida se tornou alvo de críticas na Câmara Legislativa e no próprio Palácio do Buriti, onde se discutem alternativas para derrubar a determinação. Ontem, durante a solenidade de nomeação da Mesa Diretora do Legislativo local, a reprovação de deputados distritais e até do vice-governador, Renato Santana (PSD), teve efeitos imediatos: Rodrigo Rollemberg (PSB) cancelou as férias e retornou a Brasília para discutir a aplicação do aumento nas tarifas.Em recesso, o chefe do Executivo local havia viajado ontem para Aracaju, em Sergipe, e retornaria ao Palácio do Buriti apenas em 9 de janeiro. As férias do governador nem tiveram tempo de serem publicadas no Diário Oficial do Distrito Federal até a decisão de retornar à capital federal. Rollemberg fará reuniões para apresentar, novamente, os argumentos que o levaram a decidir pelo reajuste.
A revisão tarifária estabelece um aumento de R$ 2,25 para R$ 2,50, no caso de linhas circulares internas; de R$ 3 para R$ 3,50, nas passagens de coletivos de ligação curta; e de R$ 4 para R$ 5, nas viagens de longa distância e no metrô (leia O reajuste). Essa é a segunda alteração de tarifas no sistema de transporte público brasiliense durante a gestão de Rodrigo Rollemberg (PSB). Em comparação ao início de 2015, quando o chefe do Executivo local assumiu a gestão do DF, o valor da tarifa mais cara subiu 66%.
Em protesto, uma concentração de manifestantes foi convocada para as 17h30 de hoje, na Rodoviária do Plano Piloto. Intitulado ;Resistência;, o movimento aberto no Facebook contava, até a tarde de ontem, com a confirmação de presença de 2 mil pessoas e havia sido compartilhado 12 mil vezes. Outro protesto, previsto para a quarta-feira, às 17h, apresenta 20 mil compartilhamentos.
Justiça
Ao assumir a Presidência da Câmara Legislativa, na manhã de ontem, Joe Valle (PDT) pediu que ;o governador reconsiderasse a medida até que o assunto pudesse ser discutido melhor;. E acrescentou: ;se não o fizer, a Câmara o fará;. A solenidade de posse serviu como palco de críticas à iniciativa do Palácio do Buriti. Deputados distritais, senadores e o vice-governador, Renato Santana, mostraram descontentamento com o reajuste.
Titular da 3; Secretaria-executiva da cúpula do Legislativo local, Raimundo Ribeiro (PPS) manteve a postura opositora ao Buriti. ;Esse colegiado interromperá o recesso parlamentar, se preciso for, para apresentar um projeto que suste a determinação do governador;, alegou. A Mesa Diretora se reúne hoje, às 10h, para definir se convoca os 24 distritais em sessão extraordinária. Só assim pode ser derrubado o decreto. ;Para isso, a proposta da Câmara deve obter, ao menos, o aval de 13 parlamentares;, explicou o cientista político David Fleischer.
O vice-presidente empossado, Wellington Luiz (PMDB), concordou com as críticas. ;O reajuste anunciado pelo governo é um absurdo;, opinou. O PSol havia anunciado entrar com uma ação na Justiça do DF, cujo conteúdo questionaria as motivações do decreto. O partido está otimista com a possibilidade de reverter a determinação, após decisão favorável em Porto Alegre. Na capital gaúcha, a sigla recorreu ao Judiciário e obteve, em primeira e segunda instâncias, decisões que suspenderam a revisão tarifária.
Representante do Executivo local na cerimônia, o vice-governador, Renato Santana (PSD), também mostrou descontentamento com a medida. Ele declarou não ter sido consultado acerca do reajuste e criticou a equipe do Palácio do Buriti. ;Somos 160 mil servidores do governo de Brasília. Por que um culpado? O auxiliar do governador tem o dever de ofertar alternativas que onerem o menor custo no bolso do contribuinte. Se o gestor não faz isso, precisamos encontrar quem o faça;, criticou.
O Secretário de Mobilidade, Fábio Damasceno, informou que o reajuste é necessário para cobrir os gastos do GDF com o transporte público ao longo de 10 anos de congelamento de tarifas prévios a 2015. ;Acumularam-se dívidas com insumos, os salários de motoristas aumentaram e o diesel subiu;, explica.
Ele ressaltou, também, a necessidade de manter a gratuidade para estudantes, idosos e deficientes. Ainda segundo Damasceno, os R$ 200 milhões angariados ao longo de 2017 (com o aumento nas passagens) serão revertidos em melhorias nos coletivos e no metrô. ;Investiremos em rastreamento, novos ônibus, sistema de bilhete único, entre outros;, adiantou.
O reajuste
Confira como ficam as tarifas:
Ônibus
Linhas circulares internas: de R$ 2,25 para R$ 2,50
Linhas de ligação curta (exemplo: da Rodoviária do Plano Piloto para o Sudoeste): de R$ 3 para R$ 3,50
Viagens de longa distância e integração com o metrô: de R$ 4 para R$ 5
Metrô
De R$ 4 para R$ 5 para qualquer linha
Protestos
Atos organizados pelas redes sociais estão previstos para esta semana
Quando: hoje, às 17h30
Onde: Rodoviária do Plano Piloto
Quando: quarta-feira, às 17h
Onde: Rodoviária do Plano Piloto
Quando: quarta-feira, às 9h
Onde: Esplanada dos Ministérios