Técnicos da Agência de Fiscalização do Distrito federal (Agefis) deram início ao segundo dia de derrubada de invasões no Parque Ecológico Ezechias Heringer, no Guará. A meta do órgão é derrubar cinco casas de alvenaria nesta terça (10). Eles já retiraram quatro. A ação foi pacífica e moradores não resistiram. A reserva está dentro da Área de Proteção Ambiental (APA) do planalto central e faz parte da reserva biológica do Guará e da bacia hidrográfica do Paranoá. As ocupações irregulares ajudam a agravar a crise hídrica na capital.
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Os moradores assistiram à operação. A funcionária pública Geralda Rosângela Esteves de Amorim, 57 anos, contou que ocupou a região por 20 anos. Ela relatou à reportagem que tirou a mãe do local ontem e a levou para a casa de um parente em Valparaíso (GO). ;Estou sentindo um vazio. Muita tristeza;, lamentou. Mulher do caseiro que trabalha na propriedade da família de Geralda, Alessandra Paixão, 32, contou que tem quatro filhos e chegou no local com a família em 2000. ;Estou saindo de mão abanando. Me sinto um lixo;, protestou.
Até agora, os funcionários da Agefis e da Novacap retiraram edificações de alvenaria, uma delas, cercada com blindex. Amanhã começa uma etapa mais delicada dos trabalhos: o início da derrubada de uma favela no interior da reserva ambiental. Nesta segunda (9) a Agefis reuniu 146 agentes públicos para a desobstrução. Segundo o mapa apresentado pela agência, são quatro as áreas críticas que serão reintegradas e mais de 85 chacareiros retirados ao longo dos próximos 30 dias. Alguns deles ocupam a área há pelo menos duas décadas.
O Parque Ecológico Ezechias Heringer tem uma área total de 5,5 milhões de metros quadrados. Cortado pela Estrada Parque Guará (DF-051), foi criado pela Lei n; 1.826, de 13 de janeiro de 1998. No ano passado, teve a área estendida pela Lei Complementar n; 916. Em setembro de 2015, a Agefis intimou os moradores a deixarem o local, mas eles não acataram a decisão. Após a retirada, a área será cercada pela Terracap e pelo menos 15% poderá ser usufruída pela população. O restante é área de proteção ambiental.