postado em 14/01/2017 17:16
A mãe do jovem de 20 anos suspeito de ter participado do estupro da criança de 11 no Recanto das Emas fica com a voz embargada ao falar do assunto. O filho dela está detido no Centro de Detenção Provisória (CDP) do Complexo Penitenciário da Papuda, acusado de estupro de vulnerável e exploração sexual de menor. Dona de casa, ela viu o rapaz ser conduzido em viaturas policiais, na última terça-feira (10), sob denúncia de participação no estupro coletivo de uma garota de apenas 11 anos. "Ele não é essa pessoa; não é um marginal", lamenta.
A prisão decorreu da denúncia da mãe da criança explorada sexualmente. Os abusos descritos são comprovados por relatórios do Instituto de Medicina Legal (IML). Segundo a Polícia Civil, o rapaz de 20 anos e quatro menores de idade teriam estuprado a menina e filmado o ato. As gravações do caso, realizadas pelos envolvidos com um celular, estão nas mãos da corporação.
Ao Correio, Fátima relatou outra versão dos fatos e falou sobre o filho. "Ele é um menino bom, que tem sonhos e vai realizá-los. Meu filho não bebe, não fuma e, com certeza, não faria isso. Armaram uma cilada para ele, mas a Justiça vai mostrar a verdade", diz.
[SAIBAMAIS]O garoto, aspirante a jogador de futebol, costumava frequentar a igreja e cursava o 1; ano do ensino médio. "As atitudes mudaram quando, há cerca de duas ou três semanas, ele começou a andar com más influências. Eu dizia para não ver aqueles meninos. É um instinto de mãe. Sabia que algo ruim aconteceria", conta, referindo-se aos menores envolvidos no caso, com idades entre 13 e 17 anos.
Relatos do dia do crime
A mãe conta que, às 10h daquele dia, a vítima e o suposto namorado, de 17 anos, bateram no portão da casa dela, em busca do aparelho de som do filho dela para uma pequena festa, que ocorreria a poucos metros de distância, na mesma rua ; ; esta era a primeira vez em que via a vítima de 11 anos. O rapaz atendeu ao pedido: levou o aparelho ao local e lá permaneceu por algumas horas.
Às 16h, viaturas policiais pararam em frente à casa e apreenderam os envolvidos. O jovem foi conduzido à 27; Delegacia de Polícia, situada no Recanto das Emas; os demais suspeitos, menores de idade, foram encaminhados à Delegacia da Criança e do Adolescente II, situada em Taguatinga. Todos realizaram os exames no IML.
O suposto namorado da garota foi autuado por estupro de vulnerável. Um segundo adolescente de 17 anos é acusado de atos infracionais análogos ao estupro de vulnerável, injúria e filmagem de cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança. Os outros dois responderão por satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente.
A decisão judicial que determinou a prisão preventiva do maior de idade, emitida pelo Núcleo de Audiência de Custódia do Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), determina a inexistência de fatos "que pudessem gerar o relaxamento de uma prisão em flagrante".
O magistrado ressaltou a gravidade dos fatos: "Ao que se acolhe, a vítima, de apenas 11 anos de idade, foi levada a praticar relações sexuais com pessoas diversas, contra sua vontade, o que caracterizaria o chamado estupro coletivo. Acresça-se que o autuado era o único maior de idade, recaindo sobre ele um maior juízo, na medida em que tem o maior discernimento quanto a proibição da conduta". O Correio não conseguiu contato com o advogado de Marcelo.
Após os exames do IML, os adolescentes foram encaminhados ao Núcleo de Atendimento Integrado (NAI). A Vara da Infância e da Juventude não trabalha em regime de plantão em finais de semana. Portanto, não é possível esclarecer o trâmite adotado ; os jovens poderiam responder em liberdade ou serem submetidos à internação provisória, na Unidade de Internação Provisória de São Sebastião (UIPSS).
Comoção nas redes sociais
O estupro coletivo da garota de apenas 11 anos sensibilizou o Brasil. O assunto é o 10; tema mais comentado no Twtiter neste sábado (14/1). Às 17h, pouco mais de 11 mil pessoas haviam emitido opiniões sobre o caso.
Chocados, a maioria dos internautas reforçaram o pedido de que a culpabilização não se direcionasse à vítima. "Menina de 11 anos sofre estupro coletivo e o que choca a sociedade é o fato dela namorar um cara de 17", refletiu uma usuária da rede social. "Menina de 11 é vítima de estupro coletivo. Repete comigo: nenhuma mulher quer, nenhuma mulher provoca, nenhuma mulher pede", frisou um rapaz.