Jornal Correio Braziliense

Cidades

Na Fercal, 9% dos adolescentes e 33% dos jovens de 18 a 24 estão casados

A maioria largou o estudo ainda no ensino fundamental e está desempregada. Falta de expectativa socioeconômica motiva o cenário

Rayane Oliveira, 24 anos, mora na Fercal e já se casou duas vezes. A primeira, aos 14 anos. Da união, nasceram dois filhos, um aos 17 e outro, aos 19. Separou-se e se uniu ao segundo companheiro, aos 20. Um levantamento da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) revela: a região administrativa concentra, proporcionalmente, o maior número de jovens que se casaram ; 9%, entre 15 e 17 anos, e 33%, de 18 a 24. Em sete anos, a jovem mãe engrossou ambas as estatísticas. Os números são elevados, mesmo se comparados a outras regiões menos favorecidas da capital. Em Samambaia, por exemplo, na faixa etária de 15 a 17 anos, 1% dos adolescentes se juntaram formal ou informalmente. De 18 a 24, 14%. Já no Plano Piloto, não há registros do primeiro caso. Além disso, 94% das pessoas entre 20 e 24 anos estão solteiras na capital.

;Quando nos casamos, eu tinha 20 anos e ele, 23;, conta Rayane sobre a segunda união. O marido, Ladimir Correa Rocha, 27, parou de estudar aos 18, casou-se pela primeira vez aos 20 e, novamente, aos 23. Nenhum deles terminou o ensino médio e ambos estão desempregados. A esperança da jovem é terminar os estudos na Educação de Jovens e Adultos (EJA). ;Se eu pudesse voltar no tempo, teria esperado mais para ter filhos. Eu me casei por rebeldia. Minha mãe se casou com meu pai aos 13;, admite. ;Minha mãe vendia lanche na frente da escola. Eu via outros estudantes com tênis novos e também queria. Aos 18, comecei a trabalhar. Como o serviço era de escala, eu faltava muita aula. Acabei largando;, conta Ladimir.

Irmão de Rayane, Marcos Rael de Oliveira Silva, 23, tem uma história parecida. Ele também deixou os estudos para trabalhar e tinha 21 quando se uniu a Naiara Alves, à época, com 17. O casal tem um filho de 1 ano. Ela quer voltar a estudar, mas o marido não vislumbra possibilidade. ;Se eu conseguir um emprego, vai ser prioridade;, afirma. Sulamita Pereira Dias, 16, também se casou. Ela deixou o ensino fundamental em novembro, sem terminar o 8; ano. Ela não sabe dizer porque tomou a decisão. A mãe da jovem, Ana Maria Pereira, 42, preocupa-se. ;Eu me casei aos 16, em 1990. Falei para ela não repetir meu erro. A situação é difícil, mas ela tem mais chance que eu de concluir os estudos;, lamenta.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui