Cidades

Bloco Vilões da Vila espera arrastar 1,5 mil foliões este ano

Nome do bloco, que desfilará pela sexta vez em 2017, é um trocadilho com os moradores das vilas da Idade Média

Carolina Gama - Especial para o Correio
postado em 19/01/2017 06:00
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Quase todo bloco de carnaval surge em uma mesa de bar ou em um bate-papo entre amigos. Nesse caso, não foi diferente. Em uma noite de 2011, os amigos João Roberto Costa, 56 anos, e Yuli Hostensky, 35, conversavam na varanda dos respectivos apartamentos, que ficavam lado a lado, na Vila Planalto. A madrugada já ia alta quando veio a ideia. Como na região há uma escola de samba, por que não criar um bloco para acompanhá-la? Assim surgia os Vilões da Vila, que fez a estreia na folia candanga naquele ano. E o sucesso foi tanto que, na sexta edição, a agitação deve atrair cerca de 1.500 pessoas da comunidade, regada a muita música e diversão.



No início, os organizadores ficaram receosos em como o nome escolhido repercutiria entre os foliões. Por que Vilões? João Roberto, ou Joãozinho da Vila, como é conhecido no meio cultural, explica que o conceito faz referência a um termo usado na Idade Média. Antigamente, quem morava em vilas carregava essa nomenclatura. ;Aproveitamos, então, a palavra para brincar um pouco. Usamos desse duplo sentido, de morador da região e de personagem de filmes e novelas que são vistos como malvados.; O bloco carrega o lema: Quem não sobe o morro e não desce a ladeira, o melhor carnaval está nas ruelas da vila.

Todos os sábados, a bateria do Vilões da Vila faz um ensaio aberto à comunidade: praticando para fazer bonito no sábado de carnaval e levando alegria para a Vila Planalto o ano inteiro

Originalmente construída para abrigar os trabalhadores que vieram de outras regiões do país para levantar a nova capital, a Vila Planalto deveria ser demolida e os moradores, relocados para outras regiões. Por isso, o local abriga algumas peculiaridades, como as ruas muito estreitas. O impacto que a presença dos foliões causará no local é uma das principais preocupações dos organizadores do bloco. ;A gente tem um respeito muito grande pela comunidade. Como se trata de uma região que sempre foi considerada provisória, a Vila tem as suas precariedades. Não suporta, por exemplo, muitos carros ou um aglomerado de pessoas, como os grandes blocos da cidade. Portanto, nós nos consideramos um bloco pequeno, e queremos continuar sendo pequeno;, alega João Roberto.

A essência é que a festa seja feita para a comunidade. Assim, os primeiros convidados a cair na folia são os moradores, seguidos de artistas locais. Também é tradição que o convite se estenda a alguma outra agremiação da cidade para acompanhar o desfile. Este ano, o Vilões da Vila terá a companhia da bateria do mais tradicional bloco de Brasília, o Pacotão. No repertório, muito samba e também um toque de frevo e maracatu. Em todos os desfiles, os organizadores também fazem questão de manter uma tradição: os foliões vão até a casa dos pioneiros da Vila para homenageá-los e presenteá-los. Os regalos variam de acordo com o tema escolhido para cada ano.

Esquenta

Mas não é preciso esperara até o sábado de carnaval para cair no samba. Há um ano, quando o Vilões da Vila criou a própria bateria, os sábados passaram a ser sagrados para os participantes do bloco. O motivo? É o dia em que a bateria, base da agremiação, ensaia. Os encontros ocorrem sempre às 10h, debaixo da mangueira que fica na entrada do BayPark. Cleon Homar, 50 anos, faz parte da formação inicial do grupo. ;A festividade que promovemos é muito importante para o lado cultural da Vila. Porém, infelizmente, ainda nos falta apoio. Nó nos preparamos o ano inteiro para trazer alegria para a comunidade.;

O fazendeiro Orlando Ribeiro, 61, brinca que entrou para o grupo para aprender sobre música. ;Eu não tinha ritmo nenhum, agora já toco até direitinho. Às vezes, quando estamos ensaiando na época em que a mangueira está carregada, somos surpreendidos com uma fruta na cabeça;, brinca. O melhor de tudo é que os ensaios são abertos e, na mesma hora, ocorrem oficinas para quem tem interesse em aprender a tocar os instrumentos musicais. Um pouco da alegria do carnaval o ano todo.

Os desfiles

25 de fevereiro (sábado de carnaval)

Saída de Praça Nelson Corso
Das 14h às 22h

4 de março

Saída da Praça da Igreja do Rosário
Das 14h às 22h


Assista ao VÍDEO com o esquenta dos foliões do Vilões da Vila no tablet e no site do Correio
Estagiária sob supervisão de Sibele Negromonte*

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