Brasília ainda não dispõe de tratamento de lixo para vidros, passados 24 anos da criação da Lei Distrital n; 462, que dispõe sobre a reciclagem de resíduos sólidos no Distrito Federal. O não aproveitamento é, na verdade, um desperdício. O país perde R$ 8 bilhões por ano por enterrar o lixo que pode ser reaproveitado. Se o Distrito Federal reciclasse a metade dos resíduos que produz, poderia gerar 60 mil empregos diretos, 100 mil indiretos e uma receita de R$ 250 milhões por ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), da Universidade de Brasília (UnB) e da Central das Cooperativas do DF (Centcoop).
[SAIBAMAIS]Segundo a diretora-presidente do Serviço de Limpeza Urbana (SLU), Kátia Campos, o Distrito Federal recolhe 2,7 mil toneladas de lixo por dia. Brasília é a terceira cidade que mais gera lixo no país. Porém, ainda não desenvolveu condições técnicas, econômicas e financeiras para viabilizar o processo de reciclagem de vidro. ;No caso do Distrito Federal, a fábrica mais próxima fica em São Paulo e o custo do transporte do vidro é maior do que o valor da mercadoria, sem contar o grande trabalho envolvido na separação e os riscos para a saúde daqueles que o manuseiam durante o processo;, admite.
O presidente da cooperativa de catadores Recicle a Vida, Cleusimar Andrade, afirma que, hoje, a cooperativa é a única de Brasília que faz a separação do vidro, mas não processa. ;A reciclagem de vidro ainda é um problema no Distrito Federal. Vendemos a tonelada de vidro por R$ 140 para uma indústria de São Paulo. Porém, o custo do transporte é maior. Fazemos esse trabalho por consciência ambiental, mas não dá nenhum retorno financeiro;, diz. Ele acrescenta que, a cada três meses, envia para São Paulo 30 toneladas de vidro.
A cooperativa Recicle a Vida funciona, desde 2006, em um galpão de mais de 10 mil metros quadrados em Ceilândia, com mais de 70 catadores que trabalham na coleta, separação e reciclagem do lixo. A cooperativa também promove atividades que possibilitam transformar a vida dos catadores. No ano passado, foi oferecida uma oficina de biscuit, que consiste em fazer bonecos com massa de modelar.
A catadora Vilani Freitas, presidente da cooperativa R3, em Santa Maria, fez o curso e aprendeu a técnica. Ela conta que já fazia trabalhos artesanais havia mais de 10 anos e aproveitou esse curso para se aperfeiçoar. Das lâmpadas fluorescentes são criados vasos de flores; dos potes de maionese, nascem peças que podem servir de guarda-mantimentos. Vilani diz que praticamente todo o material utilizado vem do lixo. ;Este é o grande diferencial do meu trabalho;, pontua. Além de divulgar todas as peças no grupo do WhatsApp das artesãs do Guará, ela participa de feiras de artesanato regularmente, o que possibilita ter uma renda extra.
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