Esporte, exercício, lazer ou até terapia. Sair de casa para dar uma volta ou fazer uma caminhada é uma prática libertadora para muita gente. O servidor público Felipe Teixeira Ribeiro, 37 anos, é uma dessas pessoas que, quando colocam o tênis e começam a caminhar, sentem-se desligadas de todas as preocupações e problemas do mundo exterior. Em junho, ele correrá os 100km solo na Volta do Lago Caixa, tradicional corrida da capital federal. ;Cruzar esse percurso é, para mim, uma atividade terapêutica, que me traz bastante satisfação. Pensando nisso, comecei a me sentir egoísta, pois existem diversas pessoas que não têm essa oportunidade mágica;, explica. A partir desse sentimento, surgiu a ideia de criar um projeto de patrocínio coletivo, no qual ele venderia os quilômetros que correria. E o dinheiro arrecadado seria doado à Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadoras de Câncer e Hemopatias, a Abrace.
;São diversos pacotes de ajuda. Em um deles, temos 100 apoios e cada um que ajudar recebe uma camisa e se torna o patrocinador oficial daquele quilômetro;, detalha. Batizado de Eu corro! Você ajuda, o projeto já arrecadou R$ 1.700 e pretende acumular R$ 30 mil. ;Escolhi a Abrace porque nos últimos anos acabei perdendo um tio e uma avó para o câncer. É uma doença muito cruel, que rouba não apenas a saúde, mas a felicidade dos enfermos. Por isso, acho importante o apoio à ONG que tenta trazer uma vida com maior qualidade para quem está enfrentando essa doença;, aponta.
Para representar tantas pessoas na maratona, Felipe treina duro. De segunda a segunda, corre e faz bastante exercício. Os trajetos, às vezes, são longos, como quando ele sai da residência, em Águas Claras, e segue até o Plano Piloto. Ontem, o percurso foi menor, no parque do Sudoeste, onde nem o tempo fechado o desanimou. ;Sou ligado em esportes desde pequeno. Também gosto muito de pedalar, mas agora estou focado na corrida. Não faço percursos tão longos quanto o que enfrentarei na maratona de 100km. Faço treinos, que têm como objetivo aumentar a resistência do meu corpo e adaptá-lo ao ritmo da prova;, explica. Essa é a terceira vez que o servidor público participa da Volta do Lago Caixa. Nos anos anteriores, disputou os 60km solo e os 100km em dupla. ;Foram provas que me deram uma experiência para esse novo desafio;, acrescenta.
Em março de 2016, Felipe pegou a bike e seguiu rumo à grande aventura da vida. O atleta saiu de Rosário, na Argentina, e seguiu de bicicleta por 1.200 km até Santiago, capital chilena. ;Vivi algo inexplicável. Fazer esse tour me deu a possibilidade de enxergar cada cidade de uma forma bem diferente, de conhecer cada pessoa de um modo único. Fiz um mapa, marcando os locais onde pararia para dormir e comer, mas eram marcações de cidades. Chegando lá, eu descobria a realidade daqueles lugares;, relata.
Mesmo com um bom planejamento, o servidor público conta que ainda passou por perrengues. ;Meu cartão foi bloqueado no meio do trajeto, fiquei sem dinheiro para nada. A minha sorte e que encontrei um brasileiro que me ajudou a resolver a situação. Mas faz parte;, diverte-se. A aventura durou 10 dias e Felipe garante que viveu uma experiência fantástica. ;As pessoas me perguntam por que eu simplesmente não peguei um avião para Santiago, mas eu não queria só ir para aquela cidade, queria conhecer o caminho até chegar à capital do Chile e descobrir tudo que esse percurso me traria.;
Pela inclusão
Hoje, a Abrace é uma das mais conhecidas organizações não governamentais do DF. O que muitos não sabem, porém, é que um projeto agora tão grande nasceu da necessidade de comunhão. Em 1986, um grupo de pais se uniu durante um momento de dor. Todos passavam pela mesma situação: tinham filhos fazendo tratamento de câncer no Hospital de Base do Distrito Federal (HBDF). Em um momento em que não tinham com quem conversar sobre a situação que viviam, a união os ajudou a recuperar a esperança de vencer a doença.
E essa comunhão foi passada à frente. Depois do apoio mútuo, o grupo começou a receber doações de fora. Tornou-se uma instituição que oferece assistência social para familiares de crianças com câncer e doenças do sangue em diversos formatos ; seja com a oferta de Casas de Apoio para quem não reside no DF e está fazendo tratamento na capital, seja promovendo pequenas reformas nas casas de famílias em condições precárias e que colocam em risco a saúde do paciente. Mas a maior vitória da ONG foi a construção do Hospital da Criança de Brasília José Alencar, inaugurado em 2011. ;O dinheiro arrecadado pela proposta do Felipe ainda não tem destino certo. Mas temos projetos atuais que são caros, como a entrega de próteses para crianças com membros em situação de risco. Se conseguirmos os R$ 30 mil, será um dinheiro muito bem gasto;, afirma Juliano Lopes, diretor de Gestão de Pessoas da Abrace.
Quer cooperar?
- Eu corro! Você ajuda!
Os pacotes de apoio custam a partir
de R$ 10 e podem ser comprados em https://www.catarse.me/eucorrovoceajuda.
- Abrace
(61) 3212-6000
Programe-se
13; Volta do Lago Caixa
Quando: 4 de junho de 2017
Largada: Eixão Sul, na altura do Cine Centro São Francisco (102/103 Sul)
Inscrições abertas pelo site www.voltadolagocaixa.com.br
Informações: (61) 3532-5169 /
info@voltadolago.com.br
* Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte