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O grupo de dança urbana Tekamül nasceu de um sonho que Rafael Pimentel, o Pulga, há quatro anos. O dançarino, responsável pelas coreografias da trupe, queria fazer algo diferente do que ele via no movimento hip hop. ;Na dança clássica, vemos que a coreografia passa um recado, como em ;O lago dos cisnes.; Já nas urbanas, o foco são movimentos que trazem excitação para a galera que assiste. Eu quis montar um grupo que possuísse essa movimentação corporal, mas que também passasse um recado", explica.
A proposta atraiu o interesse de cada vez mais dançarinos, e, hoje, o Tekamül reúne 25 dançarinos. Tauane Lys, moradora de Taguatinga Sul, conta que a vontade de ingressar no grupo surgiu quando ela assistiu a uma apresentação. "Eu vi o espetáculo ;A malati; e passei a admirar muito o trabalho. Por isso, decidi fazer a audição e passei", conta.
A coreografia que conquistou Tauane se inspira em doenças neurológicas como os males de Alzheimer e Parkinson. Outros temas já trabalhados pela trupe foram violência doméstica e preconceito, tema do espetáculo ;O desabafo;. Rafael Pulga explica a escolha do tema. "No grupo, há homossexuais, negros, gordos, pessoas de baixa renda", conta. A partir disso, o grupo perguntou qual seria o desabafo de cada um desses grupos e que preconceitos eles sofrem. "A coreografia acabou baseada em um tapando a boca do outro", diz o coreógrafo.
A maior parte dessas narrativas em movimento foi criada para competições. O Tekamül participou de aproximadamente 60 campeonatos ao longo dos quatro anos de existência. Saíram vencedores de alguns deles, como o Meeting Hip hip em 2013 e as últimas duas edições da Roda Convida em Brasília. A dançarina Ana Carolina Amorim, 24 anos, moradora de Águas Claras, fala do esforço de todos para alcançar bons resultados. "A gente busca se expressar ao máximo, para que o outro sinta a nossa mensagem."
Aulas de dança para a comunidade
Entre concursos e espetáculos, o Tekamül ainda encontra tempo para manter o projeto social Step One. Todos os sábados, às 16h, o integrantes dão aulas de dança para quem quer dar os primeiros passos na dança urbana. As oficinas ocorrem no Centro de Ensino Fundamental 12 de Taguatinga. "O projeto acontece desde a fundação do grupo. Quem quiser aprender e se movimentar só precisa chegar lá", convida Pulga. "As aulas são bem acessíveis", reforça Tauane.
Todas as atividades têm servido para abrir novos caminhos para os membros do grupo. O dançarino Tom Costa, 22 anos, morador de Taguatinga Sul, por exemplo, decidiu investir na carreira de professor e hoje faz licenciatura na área. "Eu morava no Entorno e comecei com a dança sozinho. Entrei para o Tekamül e isso tomou uma proporção maior, até que me mudei para cá e, hoje, trabalho dando aula. Esse é um grupo que tem um poder de transformação muito grande", diz.
* Estagiária sob supervisão do editor Humberto Rezende.