Jornal Correio Braziliense

Cidades

Em cinco anos, ao menos 10 cursos de astrologia são abertos no DF

Com muita dedicação e disciplina, professores e alunos se debruçam sobre livros, cálculos e mapas e mostram que o estudo sobre astrologia é coisa séria

 

O ponto de encontro dos alunos do Saber das Estrelas foge do lugar-comum. Não há incensos acesos, som ambiente, desenhos de planetas ou qualquer outro item comumente ligado à astrologia. A área de estar do astrólogo José Calaça, 58 anos, no Lago Norte, recebe 20 pessoas, duas vezes por semana, em busca de autoconhecimento. Na aula, o estudioso explica a influência dos astros na história da Terra, fala da guerra nos tempos de áries e da chegada de Jesus, com ensinamentos de amor e perdão, na época de peixes. “A cada 2 mil anos, em média, um novo signo do horóscopo rege a influência sobre a humanidade. Agora, estamos entrando na era de aquário, aberta a novos conhecimentos e muitas mudanças. Tudo indica que será uma época em que as pessoas estarão mais abertas a estudar o impacto do movimento dos astros sobre as nossas vidas”, entusiasma-se. E a previsão está se concretizando. Nos últimos cinco anos,  apenas no Distrito Federal, 10 cursos de astrologia foram abertos.


Leia mais notícias em Cidades

Diversos livros grossos em cima da mesa de centro mostram que estudar astrologia não é uma atividade simples. Mitologia grega, estudo dos signos, matemática e leitura de mapas são alguns dos conteúdos do curso. “Recebo pessoas que têm interesse em entender sobre signos e mapas astrais, mas, com o passar das aulas, elas percebem que o estudo engloba mais que isso. Interpretar um mapa não é apenas jogar a data e a hora de nascimento na internet e depois ler um dicionário. Analisamos a angulação dos planetas, onde cada casa do horóscopo está e, daí, vamos começando a traçar um perfil a ser lido”, conta José.
A taurina e comerciante Bruna Ramos, 26, entrou no curso há um ano, levada pela curiosidade, e agora está cada vez mais apaixonada pela área. “Lia sobre o meu signo e mapa, sabia que estudar astrologia envolveria saber sobre todo o horóscopo e entender o significado de todos os planetas. Quando as aulas começaram, vi que era ainda maior do que isso. Mas é um estudo muito estimulante, tem me ensinado a ter mais compaixão pelos outros e, principalmente, a me conhecer”, relata.


Banido por um tempo da universidade, a astrologia volta a conquistar espaço. Em 2006, ganhou um curso teórico na Universidade de Brasília (UnB), promovido pelo Núcleo de Estudos dos Fenômenos Paranormais, ao lado de outros temas, como ufologia e conscienciologia. “Grandes astrônomos, como Platão, também eram astrólogos, só que estudiosos preferem deixar isso de lado”, aponta o professor. Um dos destaques seria a narrativa de Timeu, por Platão, um diálogo escrito por volta de 360 antes de Cristo, no qual é relatada a ordem do mundo e do universo, mostrando como os princípios dessa ordem também regem o homem.

 

O curso do professor José Calaça funciona há um ano. A primeira turma, da qual Bruna faz parte, vai para o segundo nível a partir de março. Agora, o professor busca alunos para formar um novo grupo de iniciantes. “Já dava aula em um instituto aqui em Brasília, mas a ideia de abrir uma nova classe em casa veio da comodidade e da possibilidade de cobrar menos. Ser mais acessível. Formamos um grupo misto. Diversos homens e mulheres, a maioria com mais de 40 anos. Ensinei o básico em um ano e a aceitação foi tão grande que abri um novo nível, em que focaremos na parte prática”, explica.

* Estagiário sob supervisão de Sibele Negromonte.

 

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique aqui