Luiz Calcagno, Isa Stacciarini
postado em 03/02/2017 06:08
Mesmo com a maior parte do caso solucionada, investigadores da 2; Delegacia de Polícia Civil (Asa Norte) continuam concentrados para esclarecer as circunstâncias da morte do empresário Eduardo Montezuma Alves de Lima, 42 anos, morto após uma discussão em um bar da 312 Norte. A força-tarefa consiste no emprego de todo o efetivo policial da unidade, na coleta de depoimentos de familiares, testemunhas e funcionários do estabelecimento comercial, além de análises técnicas. Dois dias após se apresentar à polícia, o servidor do Senado Federal Argos Madeira da Costa Matos, 57, que assumiu a autoria do assassinato, segue em liberdade.
Os trabalhos de elaboração e conclusão do inquérito policial devem durar até 30 dias, segundo o delegado responsável pelas investigações, Laércio Rosseto. ;Queremos elucidar o caso por completo. Nesta fase, ouvimos com cuidado os familiares da vítima, pessoas que estavam no bar no momento e funcionários. Isso tudo para auxiliar as investigações;, explicou. Os laudos técnicos também contribuirão. Na tarde de ontem, o resultado do laudo de necropsia foi liberado. ;Desde então, estudamos os pareceres e também aguardamos outras análises técnicas, como a análise da arma do crime e a perícia do local;, detalhou Laércio.
Ex-mulher de Eduardo, Debora Rodrigues Martins, 47, conversou ontem com o Correio por telefone durante cinco minutos. Abalada, ela contou que estava separada do empresário havia apenas 45 dias ; o casal viveu junto por 12 anos. A servidora pública afirmou que, na noite de domingo, data do crime, era a segunda vez que encontrava Argos. Ela contou que, na primeira ocasião, viu o servidor do Senado Federal em um bar de Rio Branco, no Acre, onde passou férias com a filha. ;Era uma pessoa que eu nem conhecia direito. Em Rio Branco, esse homem estava de paquera com a minha amiga no barzinho. Aqui em Brasília, ele me ligou, e eu disse que estava lá (no Chiquinho;s Bar). Depois, ele apareceu. Inclusive ficou conversando com as minhas amigas;, ressaltou.
Para Débora, a morte do ex-companheiro aconteceu por causa de uma discussão fútil. ;O que aconteceu foi um desentendimento bobo. O Eduardo estava há muito tempo sem me ver. Ele nem sabia o dia que eu ia chegar de viagem. Alguém disse a ele que eu estava no Chiquinho;s (bar), e ele foi lá. Era um local que ele ia direto. Devia passar mil coisas na cabeça dele;, disse. Na ocasião, Argos estava no banheiro do comércio quando Eduardo chegou ao local. Quando voltou, a vítima questionou quem era o homem, que respondeu: ;Minha irmã;. O empresário não gostou e deu um empurrão no servidor. A discussão continuou do lado de fora, até que Argos sacou uma arma e atirou em Eduardo. Em seguida, fugiu.
Brutalidade
A namorada de Eduardo, Jessyane Alcântara, porém, contesta a versão apresentada por Debora a respeito da ida da vítima ao bar. Segundo ela, no domingo, os dois passaram o dia com a família em uma chácara de Sobradinho. Retornaram por volta das 21h direto para a casa dela, na Granja do Torto. Eduardo, então, saiu para comprar cigarros e aproveitou para ir à residência da mãe, na 715 Norte. ;Não fui com ele porque estava com dores. Ele falou que, depois disso, voltaria. Passaria a noite aqui, para aproveitar que o meu pai estava em casa. Ele gostava muito dele. Estávamos com planos de casar neste ano e comentamos isso durante o dia;, lembra Jessyane, que afirmou que se relacionava com Eduardo havia quase três anos.
Ela acrescentou que o empresário frequentava o Chiquinho;s Bar e teria aproveitado para comprar cigarros lá, onde certamente encontraria conhecidos. ;Foi quando ele encontrou com a ex e se deu a confusão. O Eduardo não sabia que ela (Debora) tinha voltado de viagem. Ele queria resolver a situação da escola da filha;, contou. ;O Dudu não era agressivo. Não tinha inimigos. Nada justifica essa brutalidade;, afirmou a namorada.